Vindo do Alto Purus, Lima conta suas próprias experiências através do projeto promove o resgate da cultura dos “soldados da borracha”, a história, a identidade e a cultura da terra. “A nossa idéia é que a nossa descendência de hoje, nosso povo de hoje, possa saber da história um pouco, porque ninguém sabe tudo e a gente conta o pouco que vivemos”, explica o artista.
O objetivo principal de Lima, com a exposição, é um verdadeiro ideal de vida: incluir nos livros escolares mais que um simples parágrafo contando a vida de luta dos seringueiros. “A gente vê que nas escolas não existe cultura nenhuma sobre isso, é só sobre outros assuntos e a gente vê que a nossa identidade está sendo levada pelo tempo, ela deixa o rastro, mas a poeira apaga, e isso que me levou a fazer isso”, expõe Lima, com sinceridade.
Há sete anos realizando seu trabalho na Exposição Agropecuária de Manaus (Expoagro), esta é a primeira vez que a exposição é itinerante e já passou pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) em fevereiro. São seis pessoas na equipe, que fazem demonstração dos produtos, imitam o comportamento dos caboclos e articulam, através do teatro, a vida no seringal. “Muitas pessoas choram ao ver tudo isso, porque lembram do passado”, disse.
Segundo o artista, crianças e adultos sempre demonstram interesse pela exposição, mas são os adolescentes o público mais difícil de agradar. “Na escola ninguém ensina isso, ninguém mostra, então isso não interessa para eles e a gente vê a defasagem nas escolas nesse sentido”, explica.
A maioria dos estudantes sabe apenas o básico sobre o ciclo da borracha: viveu seu auge entre 1879 a 1912, tendo depois experimentado uma sobrevida entre 1942 e 1945 durante a II Guerra Mundial (de 1939 a 1945).
“A nossa luta é para que esse trabalho, com o resgate da história da borracha venha a ser um tema pedagógico ou que pelo menos acrescente nos livros os valores da vida dos nossos irmãos que morreram na selva amazônica, eles merecem ser valorizados, porque tem coisas que doem na alma”, desabafa. E conclui: “O que interessa é que a história fica na mente das pessoas e um dia seremos recompensados”.
Comunicação Social do Inpa/MCT