previsões da temperatura, umidade, ventos, pressão e chuvas na Região Metropolitana de São Paulo e na Baixada Santista (SP), principalmente as que podem trazer riscos de enchentes, inundações e deslizamentos. A ideia é que estas informações permitam tanto ao cidadão comum quanto ao poder público estarem alertas e tomarem atitudes preventivas a tempo em relação a estes problemas.
O MXPOL, radar meteorológico do LabHidro, é um dos equipamentos mais sofisticados do IAG. Ele emite microondas em direção às nuvens que, no retorno, trazem informações detalhadas sobre onde está chovendo no momento e onde deve chover em seguida num raio de até 150 quilômetros, além dos ventos e do tipo de precipitação, se chuva, garoa, granizo, etc. "O radar realiza aquilo que chamamos de previsão de curtíssimo prazo, para até uma hora e meia no futuro, e muito detalhada e precisa. Se detectamos, por exemplo, que haverá uma chuva de 40 mm (índice alto, considerando o grau de impermeabilização urbano) em determinada região da cidade, este é um tempo suficiente para a Defesa Civil tomar providências, como retirar pessoas de encostas, fechar túneis que podem alagar, desviar o tráfego das margens de rios que podem transbordar", explica o professor Augusto José Pereira Filho, coordenador do laboratório.
Os dados obtidos pelos sistemas do LabHidro também podem ser utilizados para orientar a implementação de outras políticas públicas, de médio prazo, como nas relativas à saúde. Invernos secos e com condições de poluição concentrada, como se tem verificado crescentemente ao longo dos últimos anos, são causadores de problemas respiratórios e de outra natureza em grande parte da população. Os serviços públicos precisam, então, estar preparados para lidar com esta demanda.
Este tipo de informação pode ser obtido por meio da rede de monitoramento de superfície, com 20 estações meteorológicas a serem instaladas na região do projeto, e que avaliarão o conjunto dos dados meteorológicos de sua respectiva localização, para que especialistas possam preparar mapas das características do tempo local. Também são gerados dados por meio do modelo matemático que roda no computador instalado no IAG, com capacidade de realizar até 120 bilhões de operações matemáticas por segundo, fornecendo informações integrais sobre temperatura, pressão, umidade, ventos e precipitação.
É importante ressaltar que o grande volume de dados que o LabHidro gera não é de acesso exclusivo dos especialistas. A página do Laboratório na internet disponibiliza mapas meteorológicos completos e de uso acessível para a população em geral, além de uma seção com dados mais complexos para o acesso por especialistas, que estima até o tamanho da gota da chuva que irá cair. Para o público em geral também é oferecido um tutorial online que ensina a usar e interpretar os mapas do sistema. "A riqueza destas informações é inestimável para o cotidiano das pessoas e comunidades, em particular aquelas mais atingidas pelos problemas trazidos pelas tempestades, como enchentes e deslizamentos", relata o professor.
Já os especialistas têm contato com um banco de dados vastíssimo, que pode servir de recurso a muitos estudos científicos. "O potencial para a pesquisa que o projeto gera é enorme", afirma Pereira Filho. Até o momento, a equipe do LabHidro - formada por graduandos, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos, sob o orientação do professor - esteve mais envolvida com a implantação da parte operacional, mas daqui para frente espera-se a colheita dos frutos mais acadêmicos do trabalho, em forma de estudos e publicações.
Além de todos estes recursos disponíveis para a sociedade, a presença desse e dos demais laboratórios se reverte em benefícios concretos para o IAG e para a USP. "Nossa escola, desde que passou a ser avaliada como nível 7 na Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior] tem recebido maior financiamento das agências de fomento, o que significa mais bolsas, verbas para infraestrutura, equipamentos e eventos. “Só o LabHidro possui financiamento da Fapesp, Capes e CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] num montante de cerca de três milhões de reais ao longo dos seus cinco anos de funcionamento", exemplifica.
Assessoria de Imprensa da USP