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Ciência e Tecnologia
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Solanum tuberosum L.Uma fórmula desenvolvida para garantir alta resistência de plantas de batata contra doenças causadas por bactérias durante o crescimento do vegetal, livre de qualquer alteração genética ou uso de agrotóxico, está entre as mais recentes patentes depositadas pela PUCRS.

Sua primeira exposição pública ocorrerá entre os dias 4 e 7 de maio durante o TechConnect Summit 2009, mostra internacional de novas tecnologias organizada nos EUA por algumas das maiores multinacionais do mundo. A Universidade participa do evento pelo terceiro ano consecutivo, tendo o único trabalho selecionado para apresentação entre instituições de ensino superior e de pesquisa da América Latina.

 

Mesmo sendo um dos produtos de maior produtividade por hectare e estando entre os mais consumidos no Brasil, onde se produz 3,1 milhões de toneladas ao ano, conforme o IBGE - média de 16,6 Kg por habitante -, a batata é considerada muito sensível ao ataque de fungos e bactérias, em especial a Erwinia carotovora. Ela é uma das responsáveis pela morte de plantas no campo e pode ser reconhecida pelas bolhas escuras e o mau cheiro característico de quando o produto fica exposto numa fruteira por muitos dias. Para livrar-se de prejuízos, agricultores costumam realizar até 40 aplicações de defensivos agrícolas num ciclo de 120 dias, desde o plantio à colheita do tubérculo.

 

A inovação, fruto das investigações do professor da Faculdade de Biociências Leandro Astarita, e dos pós-graduandos Fernando Dalmas e Vera Dus Poiatti, consiste numa solução líquida borrifada sobre a muda de batata tipo Ágata (branca, a mais comum no País). No ato do plantio, os pesquisadores aspergem uma substância aquosa sobre o broto contendo fragmentos mortos de microorganismos. "Assim que as plantas percebem a presença desses fragmentos, reagem como se estivessem sendo atacadas e aumentam os metabólitos naturais de defesa contra a Erwinia carotovora, bactéria patogênica mais nociva à batata, e que está presente no solo", explica o professor. Graças a essa espécie de vacina, a resistência às pragas aumentou em mais de 60%. No experimento, as mudas foram pulverizadas apenas uma vez com o composto protetor e posteriormente inoculadas com a bactéria patogênica. Os exemplares umedecidos com a solução inovadora resistir am sem doenças por 78 dias. Nos outros, borrifados apenas com água, surgiram plantas mortas em 19 dias. Antes de viajar aos EUA para apresentar o resultado do estudo, Astarita iniciou uma nova investigação com a equipe do Laboratório de Biotecnologia Vegetal, situado no prédio 12 do Campus Central. Na estufa da Faculdade os integrantes do grupo irão aumentar o número de aplicações da nova substância, no princípio e no meio do ciclo, próximo aos 60 dias, visando à imunização total até o momento de colher as batatas.

 

Conforme o pesquisador, "a próxima etapa é a transferência de tecnologia para a qualificação dos produtos de empresas que atuam nesse ramo". De acordo com suas observações, o melhor produto industrializado disponível no mercado exige até 16 aplicações para obter o efeito similar ao da vacina.

 

A etapa de licenciamento e a inscrição para o TechConnect Summit 2009 são conduzidas pelo Escritório de Transferência de Tecnologia da PUCRS (ETT). Na avaliação da docente Elizabeth Ritter, coordenadora do ETT, o fato de a Universidade ser selecionada para esse evento "representa um ótimo feedback do nível das patentes depositadas e mantém a instituição no caminho da qualidade internacional".

 

 

A batata-inglesa, na verdade, é andina

A batata (Solanum tuberosum L.) é originária dos Andes peruanos e bolivianos, onde foram registradas mais de duzentas espécies e o cultivo existe há pelo menos 7.000 anos. Ela foi introduzida na Europa no século 16 pelos navegadores espanhóis quando do retorno ao seu país de origem. A difusão do tubérculo em outros continentes ocorreu através da colonização realizada pelos países europeus, inclusive no Brasil. Inicialmente era cultivada em pequena escala, em hortas familiares. Depois, com a construção das primeiras ferrovias, em meados do século 19, ganhou o nome de batata-inglesa, por ser uma exigência nas refeições dos técnicos vindos da Inglaterra. Atualmente a batata é o quarto alimento mais consumido no mundo, depois do arroz, trigo e milho.


Assessoria de Comunicação Social - PUCRS / ASCOM