Goldemberg destacou que a Conferência de Paris de 2015 coroou o sucesso inicial da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio 92) e que “nem mesmo a posição anticientífica do presidente dos Estados Unidos vai impedir que os compromissos lá assumidos sejam atingidos”.
“O Acordo de Paris é um acordo entre países adultos e responsáveis os quais voluntariamente decidiram que reduzir as emissões serve o interesse nacional e como fazê-lo”, disse Goldemberg.
Ele lembrou que após a Revolução Industrial o problema passou a ser a qualidade do ar, que só começou a ser resolvido a partir de 1972 após a Conferência de Estocolmo. “Foi a partir dela que surgiram os Ministérios de Meio e Ambiente no mundo todo”, disse.
“Sem água, ar limpo e esgoto, cidades não são viáveis e hoje mais de 70% da população mundial vive em zonas urbanas. Todos esses problemas podem ser atacados e resolvidos a nível local, regional e nacional”, disse. Mas no fim do século 20 foi identificado cientificamente um novo problema, o aquecimento global, provocado pelas emissões de gases resultantes principalmente da queima de combustíveis fósseis.
“Esses gases não conhecem fronteiras e os problemas que causam só podem ser atacados a nível internacional. Isso é o que a Convenção do Clima no Rio de Janeiro tentou fazer”, disse Goldemberg.
Ele destacou que, em 1992, mais de cem chefes de estado “sinalizaram de forma inequívoca o caminho a seguir que era o de promover um desenvolvimento moderno e pouco poluente”.
“Tive o privilégio de participar deste esforço como secretário de Meio Ambiente da Presidência da República junto com o secretário geral do Itamaraty, Marcos Azambuja, em uma missão que foi a Washington, Nova Délhi, Tóquio e Beijing convencer os chefes de Estado da importância da Convenção do Clima, o que na época não foi uma tarefa trivial, mas que teve sucesso”, disse.
A sessão no Senado contou com a presença do senador Jorge Viana (presidente da CMMC), do senador Fernando Collor (presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal), da deputada Bruna Furlan (presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados), de Marcos Azambuja (ex-embaixador do Brasil na França e coordenador da a Rio 92), de Carlos Moreira Garcia (ex-embaixador do Brasil na Espanha).
Participaram também da mesa Paulo Tarso Flecha de Lima (ex-secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores), Izabella Mônica Vieira Teixeira (ex-ministra do Meio Ambiente), Erik Solheim (diretor executivo da ONU Meio Ambiente), Alfredo Syrkis (ex-deputado federal e secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas) e o embaixador José Antônio Marcondes de Carvalho (subsecretário-geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia).
O discurso de Goldelberg pode ser lido em: www.fapesp.br/11062.
Agência FAPESP