Entre as espécies ameaçadas, estão a Cattleya (família de orquídeas muito valiosas no mercado de plantas ornamentais, presente na Serra do Mar), a canela de ema (planta da família Velloziaceae comum no Serrado e no Centro Oeste brasileiros) e ainda alguns tipos de micro orquideas típicas da Mata Atlântica.
Criado em 2009 e coordenado pelos professores Viviane da Silva Pereira e Eric de Camargo Smidt, o laboratório também possui um acervo vivo de plantas coletadas para pesquisas que são mantidas em estufa para se desenvolverem e florescerem. “Muitas vezes, os locais de onde elas vieram estão tão degradados que não temos certeza se as encontraremos em outra coleta”, explica Viviane.
Preservação das espécies
O laboratório possui ainda mais de 100 espécies arbóreas da floresta de araucária e selecionou grupos de 25 para estudo, que estão sendo ameaçadas pela extração de madeira. “O trabalho que estamos fazendo pode ser útil, por exemplo, para identificarmos cargas de madeira e saber se sua exploração está proibida”, diz Viviane. “As informações morfológicas, ecológicas e genéticas que dispomos podem tornar-se bases para estudos de políticas públicas de conservação, principalmente de biomas tão degradados e tão ricos em espécies como o da Mata Atlântica, por exemplo.”
Os pesquisadores que atuam no laboratório objetivam compreender os processos evolutivos envolvidos na diversificação das espécies. Isto é feito por meio de técnicas de biologia molecular, com o uso de marcadores para identificação de espécies e caracterização da variabilidade genética, em populações naturais. A coleta do material genético é feita por meio do recolhimento de folhas ou de partes da planta.
Paralelamente, outras partes são isoladas e processadas em herbário, onde recebem a aplicação de marcadores, de acordo com a pesquisa a ser realizada. Esse procedimento dura, geralmente, em torno de uma semana, até que o DNA seja extraído. “A botânica, hoje, depende da biologia molecular. Através dela, é possível realizar a reconstrução das relações dos organismos no passado e entender como a evolução ocorre”, esclarece o professor Eric de Camargo Smidt.
Reconhecimento internacional
As pesquisas desenvolvidas no laboratório são reconhecidas tanto no Brasil quanto no Exterior e também resultaram em vários trabalhos acadêmicos de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado. Um deles foi o trabalho da pesquisadora Mônica Bolson, que aplicou técnicas de código de barras de DNA para a identificar árvores ameaçadas de extinção pela exploração madeireira, por meio de marcadores moleculares padronizados.
Na técnica estudada, o reconhecimento é feito através do padrão de variação genética de regiões especificas do DNA, que permite, por exemplo, identificar madeira de origem ilegal sem precisar da estrutura completa da planta para identificação tradicional. Atualmente, os pesquisadores se empenham em um estudo de sobre a relação entre as espécies de um gênero de microorquídeas neotropicais.
A análise consiste em levantar dados moleculares e morfológicos com o intuito de traçar hipóteses de relacionamento entre as espécies do gênero o padrão de ocupação dos ambientes ao longo do tempo. “Isso é importante porque ajuda na compreensão da sistemática do grupo ao entender as relações entre as espécies, questões evolutivas e até no reconhecimento da formação de grupos que não são naturais”, relata a mestranda em Botânica Ana Vitoria Righetto Mauad. (Sucom da UFPR com João Cubas e Isabela Sizanoski)