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galassia NGC1232A criação da Rede Paulista de Astronomia (São Paulo Astronomy Network – SPAnet) atesta o ponto de maturação alcançado pela pesquisa astronômica no Estado de São Paulo. Constituída em workshop realizado na sede de FAPESP em 16 de março de 2017, a rede será coordenada por Laerte Sodré Junior, professor titular e diretor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP). Além de Sodré, o Comitê Gestor da SPAnet, eleito por aclamação no final do evento,
será composto por: Adriana Valio (Universidade Presbiteriana Mackenzie), na Coordenação Científica; João Braga (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), na Coordenação Acadêmica; Claudia Lúcia Mendes de Oliveira (IAG-USP), na Coordenação de Instrumentação; Gustavo de Araújo Rojas (Universidade Federal de São Carlos), na Coordenação de Educação; e Lucimara Pires Martins (Universidade Cruzeiro do Sul), na Coordenação de Comunicação.

Como primeira de suas atividades, caberá ao Comitê Gestor elaborar o Plano para a Astronomia de São Paulo. “Esperamos que esse documento informe a comunidade científica e o grande público sobre o significado e os objetivos da SPAnet, voltados para a promoção da astronomia paulista e o aumento das conexões entre os integrantes da área. E contemple alguns tópicos cruciais para o desenvolvimento do setor: como aumentar o impacto de nossa ciência; como promover a instrumentação e a participação industrial na atividade astronômica; e como melhorar a educação e a difusão científica em astronomia”, disse Sodré à Agência FAPESP.

Entre outras ações de curtíssimo, curto ou médio prazos atribuídas ao Comitê, destacam-se a criação de um escritório de educação e divulgação, destinado a levar os temas maiores da astronomia e os resultados das pesquisas astronômicas realizadas em São Paulo para o grande público; a realização de um censo da astronomia paulista, com o levantamento completo das iniciativas e pessoas envolvidas na área; e a elaboração de um cadastro de empresas de tecnologia com potencial de atuação no campo da instrumentação astronômica.

Como enfatizou Sodré logo no início do encontro, “conectividade” é a palavra-chave para definir o que se espera dessa rede, em uma área que se desenvolveu de forma espetacular nos últimos anos, mas cujas iniciativas e pessoas ainda carecem de maior integração. Cursos compartilhados, melhor aproveitamento da infraestrutura disponível, maior acesso aos grandes telescópios geridos por consórcios internacionais, workshops pontuais sobre pesquisas em andamento são alguns resultados que podem advir desse aumento de conectividade.

A comunidade astronômica sediada em São Paulo reúne cerca de 160 cientistas, que participam da publicação de mais de 500 artigos científicos por ano, cerca de 2,2% do total mundial. Como lembrou o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, presente na abertura do workshop, até 2005, o impacto desses artigos estava abaixo da média internacional. Houve um pico de impacto em 2012. E hoje o fator de impacto está 40% acima da média – um dos melhores indicadores de qualidade da pesquisa científica paulista.

Esse salto qualitativo foi fortemente determinado pelo robusto aporte de recursos da FAPESP ao setor: R$ 230 milhões no período 2007-2016. “Em grande parte graças à FAPESP, o Estado de São Paulo dispõe agora de uma infraestrutura em astronomia que poucos países têm. Somos parceiros de telescópios de grande porte no Chile e no Havaí, possuímos um radiotelescópio em Itapetinga e, por via competitiva, nossos pesquisadores têm acesso a outras facilidades observacionais tanto na Terra quanto no espaço, em vários comprimentos de onda”, comentou Sodré.

A mais recente dotação de vulto, de R$ 162 milhões, aprovada pela FAPESP em 2014-2015, assegurou a participação brasileira em três grandes projetos internacionais: o Giant Magellan Telescope (GMT), o primeiro dos telescópios terrestres gigantes previstos para entrar em operação no Chile; o Large Latin-America Millimeter Array (LLAMA), um radiotelescópio de 12 metros em construção na porção argentina do deserto do Atacama; e o ASTRI Mini-Array, um conjunto de nove telescópios para radiação gama que será o precursor do Cherenkov Telescope Array (CTA), o maior observatório de raios gama do mundo, com cerca de 100 telescópios.

Duas condições apresentadas pela FAPESP para a aprovação dessa dotação foram a criação de laboratórios integrados de instrumentação científica, reunindo eletrônica, óptica, mecânica e tecnologia de informação, e a criação de uma rede de astronomia. Os laboratórios deverão ser inaugurados em 24 de março próximo. E a rede é a SPAnet, que acaba de ser criada.

“Vamos tentar estabelecer uma estratégia para cada frente: ciência, tecnologia, educação. Gostaríamos que todas as pessoas que atuam de alguma maneira em astronomia possam participar. Em princípio, todas as instituições que fazem astronomia em universidades e centros de pesquisa, e mesmo fora deles, como planetários, são bem-vindos”, concluiu Sodré.

Agência FAPESP