
As flutuações de energia e calor microscópicas devem prejudicar as nanomáquinas de maneira parecida com a que o aquecimento excessivo e descontrolado pode danificar um motor macroscópico convencional, como o de um carro. Durante a Revolução Industrial, uma das motivações dos cientistas do século XIX para desenvolver a termodinâmica clássica – área da física que estabeleceu como a energia na forma de calor é convertida em energia mecânica e vice-versa – foi entender o funcionamento de válvulas de pressão e refrigeradores, dispositivos que tornaram o funcionamento dos motores a vapor e de combustão interna mais seguros e eficientes.
Antecipando avanços na nanotecnologia, Serra e seus colegas fazem parte de uma comunidade de físicos que vem desenvolvendo uma teoria mais geral e detalhada da termodinâmica, a chamada termodinâmica quântica fora do equilíbrio, que poderá garantir o funcionamento eficiente de dispositivos nas escalas molecular e atômica, na qual os efeitos quânticos estão presentes.
Para desenvolver uma nova técnica de controle, Serra e seus colegas se inspiraram no “demônio de Maxwell”, um ser fantástico imaginado pelo físico e matemático escocês James Clerk Maxwell (1831 – 1879). Maxwell foi um dos primeiros a entender que a temperatura de certo volume de gás depende da velocidade média com que se movimentam as moléculas que o compõem. Quanto mais velozes são suas moléculas, mais quente é o gás. Em uma carta de 1867 ao colega Peter Tait, Maxwell imaginou um ser microscópico e inteligente, capaz de medir e registrar as velocidades de todas as moléculas do gás. No experimento mental, o ser controlava uma torneira separando dois recipientes iguais, ambos cheios de um gás mantido à mesma temperatura. Abrindo e fechando a torneira rapidamente, a criatura separaria as moléculas de gás, deixando as menos velozes que a média – e, portanto, mais frias – em um dos recipientes e as mais ligeiras no outro.
Leia a íntegra da reportagem em http://revistapesquisa.fapesp.br/2017/01/10/diabrura-quantica/?cat=ciencia.
Revista Pesquisa FAPESP