Serão feitos estudos inéditos que podem ser um grande avanço para as pesquisas espaciais. Pela primeira vez, serão enviadas células humanas para a órbita lunar, com o objetivo de entender como elas se comportam em termos de proliferação, sobrevida e alterações genéticas no ambiente espacial. Essas amostras serão monitoradas à distância a partir de uma transmissão e os dados coletados serão comparados com material semelhante que ficará na PUCRS. "Queremos saber como o corpo reage à exposição da microgravidade e da radiação para futuras expedições a Marte ou à Lua e pensar em alternativas preventivas de saúde e sobrevivência. Temos como hipótese que a combinação dos fatores será maléfica para as células, mas é uma incógnita", explica a coordenadora geral do MicroG, Thais Russomano.
Para a professora Marlise Araújo dos Santos, coordenadora do Laboratório de Farmácia Aeroespacial Joan Vernikos do MicroG, à qual a pesquisa está diretamente ligada, a participação na missão é a concretização do reconhecimento pelos 17 anos de trabalho dos pesquisadores do Centro de Pesquisas da Universidade. De início, serão cinco profissionais da PUCRS das áreas de Fisiologia, Farmácia e Engenharia envolvidos no projeto. Marlise conta que o experimento e a definição das células que serão estudadas ainda estão em análise, o que depende da capacidade técnica que estará disponível na estrutura onde o material será armazenada.
O satélite brasileiro será enviado ao espaço junto com um grupo de seis satélites de outros países em um foguete, com a cooperação da Agência Espacial Europeia (ESA) e da Agência Espacial do Reino Unido (UK Space Agency). A missão está sendo planejada desde 2013 e será feita por meio de uma parceria público-privada. Além dos experimentos da PUCRS, as outras equipes brasileiras farão a captação de imagens da Lua com câmeras e enviarão colônias de microrganismos (conhecidos como extremófilos) para também observar como se comportam no ambiente cósmico. "Participar da primeira missão brasileira nos coloca em um novo patamar de internacionalização, porque pode proporcionar novas possibilidades para nossos pesquisadores e parcerias para projetos, inclusive pela ampliação do relacionamento com as agências espaciais", planeja Thais.