Na pauta de discussões, a ampliação da pesquisa conjunta entre franceses e brasileiros, com ênfase no apoio institucional.
Bourdon, que também dirige o Instituto Francês do Brasil, disse conhecer o longo histórico de parcerias existentes entre pesquisadores franceses e seus pares em São Paulo. Para ele, questões de interesse comum e novas frentes de atuação, como o apoio conjunto ao desenvolvimento de pesquisas em empresas, devem ser reforçadas.
No Brasil há seis meses, ele afirma que o tema da pesquisa científica deve ganhar espaço nas tratativas entre os dois países. “Tenho conversado com representantes dos Estados no Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) sobre a já tradicional pesquisa colaborativa com o Brasil, e concordamos que é preciso ampliar e consolidar as parcerias”, disse.
Do mesmo modo, Krieger destacou que a relação de São Paulo com a França, particularmente em pesquisa, é intensa e de longa data. “A FAPESP sempre colocou como prioridade a relação com a França, criando oportunidades para estreitar ainda mais essa relação, a exemplo dos diversos acordos mantidos pela Fundação.”
Segundo ele, apesar de o Brasil formar em torno de 16 mil doutores por ano, ter entre 40 mil e 50 mil publicações em revistas científicas anualmente e ocupar a 13ª posição mundial em produção científica, o país ainda não apresenta uma boa média de impacto em suas pesquisas.
“Por isso, neste momento, a FAPESP está mais preocupada com a qualidade e com o reconhecimento da pesquisa feita em São Paulo, para o que as parcerias internacionais, como as que mantemos com a França, são fundamentais”, afirmou, destacando como exemplo promissor a pesquisa conjunta na área da saúde, incluindo as atualmente vigentes entre USP, Instituto Butantan e Instituto Pasteur, de Paris.
Durante o encontro, os diversos acordos internacionais para a pesquisa mantidos pela Fundação foram expostos, incluindo aqueles firmados com instituições de fomento, universidades e empresas, com destaque para as parcerias existentes com a França.
A FAPESP mantém atualmente com instituições francesas sete acordos de cooperação para a pesquisa e um Protocolo de Intenções. Dos 713 auxílios à pesquisa já concedidos em parceria com essas instituições, 31 estão atualmente em andamento, sobretudo em áreas interdisciplinares, de Ciências Exatas e da Terra, de Ciências Humanas e Biológicas.
A parceria com empresas foi um dos principais temas abordados, a exemplo do Centro de Pesquisas em Engenharia voltado para pesquisas sobre temas relacionados a motores a combustão movidos a biocombustíveis, criado em 2015, numa parceria entre FAPESP, Unicamp e a subsidiária brasileira da montadora francesa Peugeot-Citroën.
De acordo com Chuzel, o apoio conjunto a pesquisas feitas em empresas deve ganhar mais espaço, a fim de beneficiar-se dessa cooperação. “Na França há um programa voltado especificamente ao apoio à pesquisa em empresas, o que ajuda a viabilizar que o setor produtivo atue em conjunto com instituições de pesquisa e universidades.”
Ele explicou que, após o período em que se realiza a pesquisa na empresa – três anos, com bolsas que preenchem metade do valor do salário do pesquisador –, o pesquisador tende a dar continuidade a esse trabalho, normalmente contratado para isso pela empresa. “É um tipo de garantia de emprego extremamente qualificado e, por parte da França, existe a intenção de levar esse tipo de apoio a empresas que realizem pesquisas também no Brasil.”
Segundo ele, havendo interesse de instituições e empresas, a orientação é a de ampliar as parcerias já existentes para a pesquisa, incluindo aquelas promovidas por meio de programas internacionais dos quais a FAPESP e instituições francesas já façam parte.
Agência FAPESP