Um protótipo do veículo – com propulsores e esteiras motorizadas, flutuadores e sensores – já foi testado com sucesso em uma piscina de mergulho e no tanque de provas do Departamento de Engenharia Naval da Universidade de São Paulo (USP). O protótipo respondeu adequadamente aos comandos remotos dos operadores nos modos de “voo livre” e “rastejo”. “Agora, na segunda fase da pesquisa, queremos levá-lo a Santos, para testar sua locomoção e o sistema de aderência sobre o casco de um navio em alto-mar”, disse Avila à Agência FAPESP.
O grande diferencial desse veículo em comparação com outros similares é que, além de fazer a inspeção visual do casco, com o emprego de câmera, ele também pode se deslocar sobre o casco, por meio de esteiras, segundo o pesquisador. Desse modo, utilizando equipamento de ultrassom, é capaz de detectar eventuais fissuras ou falhas estruturais e verificar se a espessura do casco está dentro dos limites de tolerância.
A aderência do veículo ao navio é obtida por meios puramente mecânicos, com o uso de quatro propulsores dispostos verticalmente. Girando em um sentido, as hélices dos propulsores o pressionam contra o casco; girando em sentido contrário, fazem com que se afaste. Desse modo, foram evitadas rodas magnéticas, que limitariam sua operação apenas a cascos de aço e também o tornariam muito pesado e difícil de manobrar.
“Trata-se de um veículo robótico híbrido que combina dois modos de operação. O primeiro é o do ‘voo livre’, no qual, propulsionado por hélices, ele se movimenta debaixo d’água, dirigindo-se à região de interesse. Uma vez perto do navio, o veículo posiciona-se de forma que sua base fique em contato com o casco. Então, entra em funcionamento o segundo modo de operação, que é o de ‘rastejo’, no qual ele usa esteiras motorizadas para se deslocar”, detalhou o pesquisador.
Controle automático de aderência
Essa funcionalidade adicional faz dele um HROV (Hybrid Remotely Operated Vehicle) e não simplesmente um ROV (Remotely Operated Vehicle), como similares mais convencionais. Montado em uma estrutura de polipropileno, o veículo funciona com energia elétrica, provida por uma fonte externa e transmitida por meio de um cabo umbilical. “Com sua robustez estrutural e controle automático de aderência baseado na medição da pressão de contato, é capaz de operar em ambiente offshore”, afirmou Avila.
O pesquisador informou que seu grupo já entrou em contato com o órgão da UFABC encarregado dos pedidos de patentes. Graduado em Engenharia Mecânica na Universidade Nacional de Trujillo, no Peru, Juan Pablo Julca Avila fez seu mestrado e doutorado na Escola Politécnica da USP. Atualmente, é professor adjunto do grupo de Engenharia Aeroespacial da UFABC.
Agência FAPESP