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Do coco, tudo, ou quase tudo, se aproveita. A água, abundante no coco ainda verde, é rica em nutrientes, entre os quais, sódio e potássio, cálcio, manganês, cobre, ferro e as vitaminas A, C e do complexo B. Mais importante, as fibras, por seus efeitos analgésicos e anti-inflamatórios, podem ser utilizadas em fitoterápicos. Estudos que vêm sendo realizados por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto Vital Brasil (IVB) procuram chegar às quantidades e à concentração adequada para o desenvolvimento de uma formulação farmacêutica.
O coqueiro (Cocos nucifera L.) é uma palmeira de clima tropical encontrada em diversas regiões do mundo. Sua origem é incerta. Dizem que foi introduzido no nordeste do Brasil pelos portugueses no século XVI, adaptando-se totalmente à faixa litorânea e tornando-se popularmente conhecido como coco da Bahia. Grupos de pesquisa em todo o Brasil vêm estudando as várias possibilidades para o uso de suas fibras. No Laboratório de Farmacologia da Dor e da Inflamação (LaFDI), coordenado por Patricia Dias Fernandes, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), da UFRJ,  e no laboratório de fungos patogênicos, liderado por Celuta Sales Alviano, do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, da mesma universidade, trabalhos em parceria, envolvendo o IVB – laboratório público oficial do estado do Rio de Janeiro – vêm sendo desenvolvidos para aproveitar essas propriedades farmacológicas.

Para Leide Ferreira, gerente de Fitoterápicos da Diretoria Industrial do IVB e mestranda em Ciências e Tecnologia Farmacêutica pela UFRJ, os efeitos da atividade analgésica e anti-inflamatória da fibra do coco já foram estabelecidos em vários estudos realizados pelos grupos da UFRJ. “O que se procura agora é desenvolver a fórmula exata para um medicamento fitoterápico que melhor aproveite estas propriedades. Até agora, os testes em modelo animal foram positivos. O passo seguinte é determinar a formulação adequada e, depois da aprovação do comitê de ética e dos órgãos reguladores, as perspectivas são de iniciar os testes em humanos”, fala a pesquisadora.
    
cocco fibraTudo começa no próprio cultivo dos coqueirais, que precisa seguir determinadas regras. “Para garantir a qualidade e a segurança da matéria-prima, é necessário que tanto o plantio quanto as técnicas de obtenção das fibras sigam um padrão estabelecido para garantir a  rastreabilidade em toda a cadeia produtiva”, diz Leide.

O fato é que, longe de ser apenas um incômodo resíduo a ser descartado, as fibras do coco podem ser aproveitadas de diferentes formas. O que não for adequado à produção de fitoterápicos pode ser aproveitado, por exemplo, para o estofamento de bancos de automóveis ou para a produção de divisórias de isolamento acústico – dois usos que a indústria já incorporou. Pode ainda ser empregado como manta para cobrir o solo, contribuindo para reduzir a erosão e evitar deslizamentos de encostas em áreas de risco. O aproveitamento da fibra e do pó também tem sido empregado como substrato agrícola para a produção de mudas e ainda em substituição ao xaxim, hoje extinto. Ou seja, ao contrário do que se acredita, é um material com muitas utilidades.

Assessoria de Comunicação FAPERJ