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Uma equipe internacional de pesquisadores, que inclui a professora do Departamento de Genética da UFPR, Maria Luiza Petzl-Erler, verificou que povos indígenas da Amazônia possuem uma inesperada conexão genética a povos da Australasia. A descoberta sugere que uma onda de migração às Américas até então desconhecida tenha acontecido milhares de anos atrás. Os resultados foram publicados nesta terça-feira (21) na Nature, uma das maiores revistas científicas do mundo.
O artigo “Genetic evidence for two founding populations of the Americas” pode ser acessado na íntegra neste link:
http://www.nature.com/nature/journal/vnfv/ncurrent/full/nature14895.html.

O estudo sugere que há um conjunto mais diverso de populações ancestrais na América do que até então se conhecia. O resultado surpreendeu os pesquisadores, que anteriormente trabalhavam com um modelo que indicava uma única origem comum a povos nativos da América Central e do Sul.

É consensual que todas as populações nativas americanas descendem de uma onda migratória oriunda da Ásia que migrou através do estreito de Bering para o continente americano há mais de 15 mil anos.  Alguns dos grupos da América do Norte e Árticos têm adicionalmente ancestrais de migrações mais recentes.  A grande novidade neste estudo é a constatação de que algumas populações da América do Sul têm, além da origem Asiática, ancestrais possivelmente ainda mais antigos, compartilhados com populações da Australásia.

A equipe comparou dados genéticos dos indígenas da América do Sul e América Central com os dados de outras populações. Alguns povos indígenas da Amazônia, incluindo os Suruí e Karitiana (de Rondônia) e os Xavante (de Mato Grosso), têm um ancestral mais próximo a povos da Oceania (nativos da Austrália, Nova Guiné e das Ilhas Andamão) do que a qualquer outro povo atual.

A população ancestral foi nomeada pelos pesquisadores de “População Y”, por causa da palavra em Tupi para ancestral, “Ypykuéra”.Esses resultados mostram que o cenário dos ancestrais dos povos indígenas americanos é mais complexo do que se pensava.

A equipe é formada por pesquisadores da Harvard Medical School; Broad Institute of Harvard and MIT; Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Universidade de São Paulo; e Universidade Federal do Paraná.