O artigo “Genetic evidence for two founding populations of the Americas” pode ser acessado na íntegra neste link:
http://www.nature.com/nature/journal/vnfv/ncurrent/full/nature14895.html.
O estudo sugere que há um conjunto mais diverso de populações ancestrais na América do que até então se conhecia. O resultado surpreendeu os pesquisadores, que anteriormente trabalhavam com um modelo que indicava uma única origem comum a povos nativos da América Central e do Sul.
É consensual que todas as populações nativas americanas descendem de uma onda migratória oriunda da Ásia que migrou através do estreito de Bering para o continente americano há mais de 15 mil anos. Alguns dos grupos da América do Norte e Árticos têm adicionalmente ancestrais de migrações mais recentes. A grande novidade neste estudo é a constatação de que algumas populações da América do Sul têm, além da origem Asiática, ancestrais possivelmente ainda mais antigos, compartilhados com populações da Australásia.
A equipe comparou dados genéticos dos indígenas da América do Sul e América Central com os dados de outras populações. Alguns povos indígenas da Amazônia, incluindo os Suruí e Karitiana (de Rondônia) e os Xavante (de Mato Grosso), têm um ancestral mais próximo a povos da Oceania (nativos da Austrália, Nova Guiné e das Ilhas Andamão) do que a qualquer outro povo atual.
A população ancestral foi nomeada pelos pesquisadores de “População Y”, por causa da palavra em Tupi para ancestral, “Ypykuéra”.Esses resultados mostram que o cenário dos ancestrais dos povos indígenas americanos é mais complexo do que se pensava.
A equipe é formada por pesquisadores da Harvard Medical School; Broad Institute of Harvard and MIT; Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Universidade de São Paulo; e Universidade Federal do Paraná.