A iniciativa é decorrente de um projeto desenvolvido pelo ICMC em parceria com a Universidade de Heidelberg, na Alemanha, desde 2011, que utiliza uma plataforma de mapas colaborativos, criados a partir do software livre OpenStreetMap, para mapear regiões em situação de risco geológico.
Com apoio da FAPESP, a parceria deu origem ao Geospatial Open Collaborative Architecture for Building Resilience against Disasters and Extreme Events (Agora), que atua na gestão de sistemas de informação colaborativos aplicados a desastres naturais, especialmente enchentes no Brasil.
O trabalho com o Nepal começou dois anos antes do grande terremoto de 25 de abril, que, segundo o Centro Nacional de Operações de Emergência do país, deixou mais de 7 mil mortos e pelo menos 14 mil feridos na capital, Katmandu, e em muitos vilarejos próximos ao epicentro.
“O Nepal está em uma área de grande risco de abalos sísmicos e, por isso, pesquisadores do Agora já trabalhavam em parceria com a organização humanitária Kathmandu Living Labs em mapeamentos colaborativos preventivos na região. Após o desastre, essa ação se intensificou”, explicou João Porto de Albuquerque, coordenador da iniciativa no ICMC.
Entre os trabalhos realizados está o desenvolvimento de um sistema Web de roteamento que possibilita considerar, no planejamento de uma rota, ruas que estejam bloqueadas por escombros ou estradas que racharam devido aos tremores, apontando para locais importantes na região mapeada, como hospitais e escolas.
O sistema considera as informações do OpenStreetMap para traçar rotas alternativas em casos de caminhos bloqueados em decorrência da catástrofe. Em seguida, equipes da Kathmandu Living Labs e do World Food Program, programa de alimentação da Organização das Nações Unidas (ONU), que atuam no local e com os quais os pesquisadores do ICMC mantêm contato frequente, acessam as informações para chegar aos locais desejados.
O Disaster Assistance Response Team (Dart) do Canadá também utiliza os mapas para planejamento e navegação no local, em especial em Gorkha, Laliptur, Dolakha e Dhading.
Mobilização
O grupo do ICMC também conta com alunos de graduação e pós-graduação da instituição, totalizando mais de 50 voluntários. “Além de todo o aspecto humanitário do trabalho que estão realizando, a iniciativa ajuda os estudantes a compreender como essa tecnologia pode ser aplicada em outras situações semelhantes de catástrofes no cenário nacional e internacional”, disse Porto.
As redes sociais também são monitoradas pelo grupo, que acompanha a publicação de imagens dos estragos e as posiciona nos mapas com sua devida geolocalização. Desde 25 de abril, milhares de estradas e prédios foram registrados pelo programa.
Os esforços são integrados aos de outros voluntários ao redor do mundo por meio do Grupo Humanitário do OpenStreetMap (HOT, na sigla em inglês). De acordo com Porto, novos voluntários podem se juntar à iniciativa.
“No site criado pelo HOT para disponibilização de informações sobre a atividade de mapeamento colaborativo há uma lista de tarefas a serem desempenhadas pelos voluntários. Algumas delas são voltadas a mapeadores experientes – dessa forma, novos voluntários sem uma experiência maior na área devem escolher aquelas que não possuam restrições quanto a isso”, explicou.
O grupo elaborou um tutorial que explica o passo a passo da colaboração. Mais informações estão disponíveis em www.agora.icmc.usp.br.
Agência FAPESP