Instalado em uma área contígua ao síncrotron atual, no campus do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), também em Campinas, Sirius deverá entrar em operação em 2019.
A avaliação foi feita por Antonio José Roque da Silva, diretor do LNLS, durante uma mesa-redonda sobre grandes colaborações científicas realizada na FAPESP Week Buenos Aires.
Realizado pela FAPESP em parceria com o Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (Conicet), o evento reúne até sexta-feira (10/04), em Buenos Aires, pesquisadores do Estado de São Paulo e de diferentes instituições de ensino superior e de pesquisa da Argentina, com o objetivo de discutir o aumento da colaboração científica entre os dois países.
“Os pesquisadores da Argentina representam hoje 14% do total de, aproximadamente, 20% de usuários regulares estrangeiros da atual fonte de luz síncrotron do LNLS”, contou Roque da Silva.
“Com o Sirius, o interesse de pesquisadores não só argentinos, mas também de diversos outros países, em utilizar o novo acelerador de partículas tenderá a aumentar em razão de o novo equipamento estar projetado para ser muito competitivo mundialmente”, avaliou.
De acordo com Roque da Silva, o Sirius deverá ser, juntamente com o Max 4, em construção na Suécia, uma das primeiras fontes de luz síncrotron de quarta geração no mundo.
A atual fonte de luz síncrotron do LNLS é de segunda geração, e os equipamentos mais modernos usados hoje no mundo para produzir radiação de alto brilho e amplo espectro – do infravermelho e ultravioleta até os raios X – são de terceira geração.
Uma das diferenças de uma fonte de luz síncrotron de quarta geração para o atual acelerador de partículas do LNLS, por exemplo, é a emitância de feixe de elétrons, que influi no brilho e na fração coerente de radiação, comparou Roque da Silva.
Como o Sirius está sendo projetado para ter uma das menores emitâncias de feixe de elétrons entre as fontes de luz síncrotron existentes no mundo, a radiação de alto brilho gerada pelo equipamento será muito maior. Dessa forma, será possível realizar uma série de experimentos com materiais orgânicos e inorgânicos utilizando diferentes técnicas.
“Há uma série de experimentos que hoje são impossíveis de serem feitos no país, com impactos diretos em nanotecnologia, biotecnologia, biologia molecular, fármacos, agricultura e outras áreas, como paleontologia e arqueologia, que poderão ser realizados com o Sirius”, estimou.
“Por ser um equipamento com tecnologia pioneira no mundo, com maior brilho e condições experimentais de fronteira,o Sirius deverá ter impacto positivo na atração de pesquisadores de diversas áreas do conhecimento para o Brasil e contribuir para o aumento da internacionalização da ciência brasileira”, avaliou.
Em razão da menor emitância, o Sirius rodará com energia de 3 bilhões de elétrons-volts (3 GeV), enquanto o acelerador atual opera com energia de 1,37 bilhão (1,3 GeV), comparou Roque da Silva.
Dessa forma, será possível estudar a estrutura de materiais mais densos, como aço e rocha. Hoje é difícil estudar a estrutura desses materiais com a atual fonte de luz síncrotron em razão da dificuldade de os feixes de fótons emitidos pelo acelerador penetrá-los, explicou o diretor do LNLS.
“A nova fonte de luz sincrotron deverá emitir fótons de muito mais energia e, com isso, abrirá a possibilidade de realização de um amplo espectro de experimentos que não são possíveis de serem feitos hoje com o acelerador atual”, avaliou.
Projeto brasileiro
O diretor do LNLS destacou que o Brasil participa de diversas colaborações internacionais, em diferentes áreas, mas que o Sirius, a exemplo da atual fonte de luz do LNLS, representa um dos grandes projetos científicos internacionais em que a liderança é genuinamente brasileira.
Todo o projeto conceitual e científico, além de uma fração significativa da instrumentação e das soluções tecnológicas para o projeto, está sendo desenvolvidos no país, ressaltou.
“A construção do Sirius já foi iniciada. A expectativa é que, em 2017, iniciemos a montagem dos aceleradores para obter, em 2018, o primeiro feixe emitido pela fonte de luz”, previu.
A FAPESP apoia micro, pequenas e médias empresas paulistas interessadas em participar como fornecedoras no projeto de construção da obra.
A Argentina também tem interesse em participar da construção de linhas de luz onde os experimentos do acelerador de partículas serão realizados, contou Roque da Silva.
“Hoje os pesquisadores argentinos participam como usuários do LNLS por meio de um acordo com o Conicet, que custeia a vinda dos pesquisadores do país para o Brasil”, disse. “Mas há interesse da comunidade de pesquisa argentina em participar da construção de linhas de luz”, afirmou.
Apresentações feitas na FAPESP Week Buenos Aires e mais informações sobre o simpósio estão em: www.fapesp.br/week2015/buenosaires.
Agência FAPESP