A cena faz parte do cotidiano de alunos da 9ª série do Ensino Fundamental do Liceu Franco-Brasileiro, situado no bairro das Laranjeiras, em que as noções de Física são aprendidas também na prática.
Mais do que uma forma de estimular os alunos a gostarem de ciências, o trabalho tem colhido resultados bastante promissores. Em 2009, ano em que a robótica passou a fazer parte do ensino de ciências, os alunos participaram pela primeira vez de um torneio – a First Lego League –, em que precisaram utilizar não apenas a tecnologia para solucionar problemas reais, mas também criatividade, raciocínio lógico e inovação. “Desde então, sempre obtivemos primeiro lugar em uma das categorias do concurso e em etapas nacionais e regionais de torneios similares. Só este ano, tiramos o primeiro e o segundo lugares no torneio Brasil de Robótica, com os robôs FrancoDroid, em mérito científico, e FrancoStorms, na classificação geral do torneio”, afirma Rosângela Nezi, coordenadora e responsável pela robótica no colégio. Tanto o material para construção dos robôs quanto as viagens para participar de competições no exterior foram financiados com recursos do edital Apoio à Equipes Discentes em Projetos de Base Tecnológicos para Competições de Caráter Educacional, da FAPERJ.
“Contrariando a ideia que a maioria das pessoas faz de um robô como uma máquina criada à semelhança do homem, o que não é necessariamente verdade, o FrancoStorms, por exemplo, é um aparato retangular de fios e circuitos elétricos que permite o reaproveitamento da água de chuva nos chamados telhados verdes, além de dispensar o uso de agrotóxicos, incentivando a agricultura orgânica”, explica a coordenadora Rosângela. Ela acrescenta que o aparelho pode ser usado em pequenos jardins suspensos, telhados verdes ou mesmo em vasos de plantas em residências. “Ele permite que se possa aproveitar qualquer pequeno espaço, de forma totalmente sustentável. Tudo isso traz benefícios para a saúde, aumenta o número de áreas verdes na cidade e estimula uma atitude ecológica nos centros urbanos”, complementa. A invenção já participou de um curso de hortas orgânicas da Carpe – empresa voltada para projetos ambientais.
Já o FrancoDroid é resultado de uma pesquisa científica para o combate de fungos, bactérias e protozoários em grãos armazenados para o consumo. “Silos escuros e úmidos criam um ambiente favorável à proliferação de fungos em grãos, como arroz, feijão, café, lentilha, entre outros. E isso pode afetar a saúde de quem consome esses alimentos, gerando problemas renais, de pele, doenças como o câncer e até mesmo prejudicar o desenvolvimento de fetos em gestantes”, descreve a professora. A montagem do projeto levou os alunos a discutirem as diferentes aplicações da radiação, como a empregada no tratamento radioterápico ou no beneficiamento de alimentos.
Rosângela explica que os alunos que se mostram mais interessados podem fazer parte de uma das duas equipes vitoriosas do colégio – que tantos torneios têm conquistado –, como uma disciplina opcional. Cada uma das duas equipes do colégio conta com sete alunos e um técnico, além de Rosângela e da professora Kátia Abrantes. “Assim, os alunos já chegam ao Ensino Médio com noções de Física, Matemática e até um pouco de programação de computador, observando na prática como todos esses conhecimentos se integram e são aplicados no cotidiano. Em vez de aprender fórmulas, eles aprendem o conceito”, destaca. Entusiasmada, ela ainda se diverte com o sucesso do projeto. “Eles nunca mais irão achar que Lego é simplesmente uma brincadeira”, conclui.
Assessoria de Comunicação FAPERJ