“Vale destacar que falamos de taxa de transmissão sustentada (que conseguimos manter estável), e não de taxa de pico, que no nosso caso alcançou 1,5 terabits por segundo”, disse Alaelson Jatobá, doutorando na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), um dos integrantes do grupo.
Outro integrante, o professor Darli Mello, do Departamento de Comunicações da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), explica que empresas e instituições de pesquisa apresentam na conferência o que há de mais avançado em supercomputação, transmissão e processamento de dados.
“O evento conta há alguns anos com a participação da comunidade internacional de física de altas energias, que está envolvida em complexos experimentos sobre as propriedades fundamentais da matéria, realizados em gigantescos aceleradores de partículas. Cada experimento gera uma infinidade de dados que são processados e interpretados por cientistas espalhados ao redor do mundo”, disse Mello para o site da Unicamp.
O mais conhecido experimento de física de partículas é o LHC, o Grande Colisor de Hádrons, instalado pela Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (Cern) na fronteira da França com a Suíça.
O Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) lidera uma rede internacional de físicos de alta energia que apoia o programa do Cern há 20 anos. Integram a rede, que bateu o recorde na Supercomputing Conference, pesquisadores das universidades de Michigan e de Vanderbilt, nos Estados Unidos, e de Victoria, no Canadá.
Do Brasil, participaram pesquisadores da Unicamp, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), da Padtec e da Rede ANSP (Academic Network of São Paulo), financiada pela FAPESP.
A rede de pesquisadores usou o conceito de Rede Definida por Software (SDN, em inglês), que inclui uma inteligência centralizada coordenando os diversos elementos de rede por meio de software.
“A análise dos dados gerados pelo LHC é bastante complexa e requer uma rede de comunicação igualmente complexa e avançada. Esta parte de tecnologia de redes é coordenada pelo professor Harvey Newman, do Caltech. O Brasil tem forte presença nessa rede de física de altas energias por intermédio da Unesp, sob a coordenação do professor Sergio Novaes”, disse Mello sobre o projeto apoiado pela FAPESP.
O experimento contou com equipamentos da Padtec, empresa instalada em Campinas que tem vários profissionais egressos da Unicamp e mantém intensa atividade de pesquisa com a FEEC.
“Desde 2012, a Padtec fornece a infraestrutura óptica (backbone), que é a espinha dorsal da rede, para esta demonstração. Desenvolvemos na FEEC, em colaboração com a Unesp e o Caltech, uma ferramenta para integrar os equipamentos da empresa ao controlador SDN”, contou Mello.
A Padtec levou para a conferência o que tem de mais moderno em termos de computadores ópticos e transponders (dispositivos para transmissão de sinais). .
Os professores Dalton Soares Arantes e Max Henrique Machado Costa, que coordenam o ComLab e têm projetos em colaboração com a Padtec, contam que a empresa tem vasta expertise em redes ópticas de alta velocidade.
“Hoje, um dos gargalos em supercomputação está em viabilizar uma rede de distribuição interligando multiprocessadores espalhados pelo mundo para que as pessoas trabalhem em alta velocidade”, disse Arantes.
Projetos de pesquisa da Padtec tiveram apoio da FAPESP, como os recentes “Tecnologias ópticas coerentes” e “Processamento digital para compensação eletrônica em sistemas de comunicações ópticas”, conduzido por Arantes.
Os nomes de todos integrantes da rede e mais informações sobre a Supercomputing Conference estão em http://supercomputing.caltech.edu/team.html.
Agência FAPESP