Os laboratórios têm agora microscópio confocal Leica TCS SP8 CARS – primeiro no hemisfério Sul – que, diferentemente dos microscópios tradicionais, faz imagens sem a necessidade de marcação de estruturas celulares ou teciduais com sondas fluorescentes, usadas para facilitar a visualização nos sistemas tradicionais.
“O novo sistema faz imagens com base nas vibrações das próprias ligações químicas das moléculas. Dessa forma, a amostra ou estrutura é analisada diretamente, eliminando interferências das marcações ou dos reagentes”, explicou Marcelo Andrade de Lima, professor adjunto do Departamento de Bioquímica da Unifesp. Além disso, a técnica é minimamente invasiva e não destrutiva.
O TCS SP8 CARS é utilizado por pesquisadores em experimentos com distribuição de lipídeos e colágeno em tumores e transporte de proteínas e carboidratos por vesículas celulares, entre outros.
Outro equipamento é o microscópio Leica SR GSD 3D, primeiro do tipo instalado nas Américas. De acordo com Lima, a tecnologia ultrapassa os limites de resolução da microscopia óptica tradicional, de aproximadamente 200 nanômetros (nm) lateral e 500 nm axial. “Ele obtém imagens com até 20 nm de resolução lateral e 50 nm de resolução axial, possibilitando a determinação de ultraestruturas celulares ou teciduais”, disse.
Pesquisadores já usam o microscópio em experimentos com organização do citoesqueleto de células endoteliais (que recobrem o interior dos vasos sanguíneos e formam parte da sua parede), determinação da ultraestrutura de complexos envolvidos na adesão celular – como na junção célula-célula e célula-matriz extracelular – e transporte vesicular de proteínas de vesículas ácidas e superfície celular.
Os experimentos – que, por conta da tecnologia inovadora dos microscópios, permitem imagens de células e tecidos vivos – podem ajudar na descrição de doenças importantes e no teste de novos medicamentos para tratamento de câncer, diabetes, Parkinson e Alzheimer, entre outras doenças.
“Trata-se de uma revolução na microscopia no Brasil, e a Unifesp, com o apoio da FAPESP, inaugura essa nova fase na área de imagens. Com os novos microscópios o pesquisador brasileiro que usar os laboratórios multiusuários ficará mais competitivo mundialmente”, disse Helena Nader, coordenadora do Infar.
Para o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, que participou da cerimônia de inauguração, a abertura dos laboratórios ocorre num momento de transformações da pesquisa no Estado de São Paulo.
“Estamos entrando em uma nova fase da produção científica, de maior profissionalização, uma mudança que a FAPESP vem buscando impulsionar com programas como o EMU. As universidades têm se organizado de forma mais eficiente, incrementando sua infraestrutura, e para que nossos pesquisadores sejam cada vez mais competitivos mundialmente é de extrema relevância que esse apoio institucional se fortaleça”, disse.
A reitora da Unifesp, Soraya Soubhi Smaili, também presente, qualificou a inauguração dos laboratórios multiusuários como um “divisor de águas” para a instituição. “Trata-se de um marco nos próximos caminhos que temos pela frente, uma consolidação de tudo o que foi construído até aqui e a reafirmação do nosso compromisso de seguir abrindo novos espaços para que a pesquisa em São Paulo e no Brasil se desenvolva cada vez mais”, disse.
Também participaram da cerimônia de inauguração dos laboratórios multiusuários do Infar Manoel Santana Cardoso, assessor especial da Capes; Rosana Fiorini Puccini, diretora do campus de São Paulo da Unifesp; Antonio Carlos Lopes, diretor da EPM; pró-reitores, docentes e alunos da Unifesp.
Além da FAPESP, financiaram os laboratórios a Capes e o Ministério da Educação, em um total de R$ 5 milhões em investimentos.
A utilização dos equipamentos é aberta a todo pesquisador que tenha projeto com financiamento em andamento. Estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado e pós-doutorandos deverão se cadastrar e encaminhar carta do orientador ou supervisor solicitando o uso.
Mais informações sobre os equipamentos disponíveis e as normas para utilização podem ser acessadas em www.posgrad.epm.br/biomol/multiequipa.
Agência FAPESP