Segundo o pesquisador Márcio Lacerda Lopes Martins, professor do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB-UFRB), a Manihot bellidifolia recebeu esse nome graças à beleza de suas folhas e pode ser reconhecida pelo formato das folhas e da brácteas, folhas modificadas, que recobrem suas flores. Já a Manihot longiracemosa foi assim chamada devido ao peculiar comprimento do seu racemo, conjunto de flores, características que a diferem das demais espécies da região.
De acordo com o professor, as novas espécies estão sendo cultivadas nas áreas experimentais da UFRB e da Embrapa, e estão disponíveis para serem usadas nos programas de melhoramento da mandioca. “Além do interesse em usar as espécies silvestres no combate a doenças da mandioca, o projeto tem o interesse em buscar variedades que possam ser cultivadas em ambientes com temperaturas extremas (muito quentes ou muito frias) e com escassez de água”, esclareceu.
O artigo com o resultado da pesquisa foi publicado na revista Systematic Botany, Volume 39, nº 2, mês de junho. Trata-se da segunda publicação do projeto "Conservação de Espécies Silvestres do Gênero Manihot (Euphorbiaceae, Magnoliophyta) do Nordeste e Centro-Oeste Brasileiro", desenvolvido desde 2010 e que, em 2011, publicou o primeiro artigo na revista Phytotaxa. No período de 2010 a 2014 foram feitas expedições de coleta de espécies silvestres de Manihot, ou mandiocas-bravas, em 14 estados brasileiros, sob a coordenação do pesquisador Carlos Alberto da Silva Ledo, da Embrapa.
Até o momento, foram encontradas cerca 50 espécies distintas e catalogadas provavelmente 15 novas, ou seja, nunca antes batizadas cientificamente. “Segundo critérios da International Union for Conservation of Nature (IUCN), as espécies são consideradas ameaçadas e a manutenção tanto na UFRB quanto na Embrapa torna-se importante para auxiliar a elaboração de programas de conservação em seus locais de origem”, ressaltou Martins.
A pesquisa é financiada pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) e tem coordenação do professor da UFRB, Paulo Cezar Lemos de Carvalho.