Segundo Carlos Alfredo Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do BIOTA-FAPESP, a edição impressa será extinta em 2014 e apenas trabalhos em inglês serão aceitos. Além disso, o sistema eletrônico de submissão de artigos e gerenciamento está sendo reformulado.
“Uma das metas do programa em sua segunda década de existência é aumentar o fator de impacto da revista Biota Neotropica, que hoje é de 0,56. Queremos chegar a perto de 1 nos próximos três anos. As mudanças fazem parte desse planejamento. Uma das novidades é a disponibilização on-line imediata dos trabalhos assim que forem aprovados pelos assessores ad hoc, editores de área e editor-chefe. Isso diminuirá o tempo de editoração, tornando a publicação mais ágil e aumentando seu tempo de exposição”, disse Joly.
A revista foi criada em 2001 com a missão de divulgar os resultados das pesquisas realizadas no âmbito do programa e de abranger também estudos feitos em toda a região neotropical com a temática “caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade”.
“Uma avaliação feita pela coordenação na época identificou que a maioria das revistas brasileiras de circulação internacional era dedicada a determinados grupos taxonômicos, como a Revista Brasileira de Botânica e a Revista Brasileira de Zoologia. Havia uma lacuna a ser preenchida”, contou Joly.
Em 2012, a publicação passou a ser indexada na base de dados Web of Science, da Thomson Reuters.
“A revista já é uma referência importante na América Latina, mas é preciso ter uma presença mais forte em outras regiões do mundo. Afinal, o país que tem o privilégio e a responsabilidade de ser o número ‘um’ entre as nações megadiversas precisa ter um periódico científico reconhecido internacionalmente como de alta qualidade nessa área”, avaliou Joly.
Novo canal
Também com o intuito dar visibilidade à produção científica do BIOTA e favorecer a interação entre seus pesquisadores, foi criado no mês de setembro um boletim eletrônico bimestral batizado de Biota Highlights.
Na avaliação da bióloga Érica Speglich, uma das editoras do novo boletim, a integração dos pesquisadores é ainda mais estratégica que a integração de dados e de conhecimentos, pois reforça os objetivos do programa, fortalece sua identidade e favorece a geração de spin-offs.
“Reuniões e simpósios são uma das formas de promover essa integração, mas a distância entre os eventos fez com que a coordenação procurasse outros mecanismos, entre eles a criação de um boletim com conteúdo inédito e personalizado sobre o BIOTA, seus projetos e pesquisadores”, afirmou Speglich.
Qualquer interessado em receber as notícias por e-mail pode se cadastrar na página do programa BIOTA. O conteúdo também está disponível no endereço: www.biota.org.br/?page_id=3126.
Conferências educativas
A ampliação do diálogo com públicos além do meio científico – especialmente professores e estudantes do ensino médio e fundamental – também tem sido uma das metas do programa BIOTA nesta segunda década de vida.
Ao longo de 2013, um ciclo de conferências educativas gratuitas reuniu mais de 750 pessoas na sede da FAPESP. Durante os nove encontros, foram abordados temas relacionados à biodiversidade dos diferentes biomas brasileiros.
Uma nova edição do ciclo será realizada em 2014, desta vez com foco nos chamados “serviços ecossistêmicos”, como a polinização, a proteção aos recursos hídricos e a ciclagem de nutrientes.
“Vamos olhar mais para processos do que para fotografias estáticas. Abordar os serviços que a biodiversidade oferece para o homem, como polinização, que é importante também para a produção de alimentos. É uma abordagem moderna que já começa a fazer parte dos livros escolares. Pretendemos melhorar o entendimento desses processos”, afirmou Joly.
O ciclo de 2014, no entanto, será realizado apenas durante o primeiro semestre. Na segunda metade do ano, os pesquisadores estarão envolvidos com os preparativos para a reunião bienal de avaliação do Programa BIOTA-FAPESP, prevista para ser realizada em Campos do Jordão, entre os dias 7 e 12 de dezembro.
“Teremos mais de 80 projetos participando da avaliação este ano; será impossível apresentar os principais resultados de cada um deles. Nossa ideia é reunir os trabalhos dentro de grandes temas, como biodiversidade marinha, microrganismos, inventários e ecologia de vertebrados, por exemplo”, disse Joly.
“Para isso, ao longo do segundo semestre, vamos reunir na FAPESP os coordenadores de projetos de cada grande tema para as apresentações individuais e elaborar uma síntese do avanço do conhecimento nessas áreas temáticas. Essa síntese será apresentada para os avaliadores internacionais em dezembro”, explicou.
Outro evento já agendado para o dia 10 de fevereiro, na sede da FAPESP, é o workshop “A multidisciplinary framework for biodiversity prediction in the Brazilian Atlantic forest hotspot”, organizado pelas professoras Cristina Miyaki, da Universidade de São Paulo (USP), e Ana Carolina Carnaval, do City College of New York, nos Estados Unidos. As duas coordenam um projeto selecionado na segunda chamada de propostas de cooperação científica dos programas BIOTA-FAPESP e Dimensions of Biodiversity-National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos (leia mais em http://agencia.fapesp.br/18020).
No período entre 28 e 30 de abril, o professor da USP Roberto Berlinck promove o workshop “Thinking big about small beings: recent advances on microbial diversity, ecology and biodiscovery”. No mês de agosto, a professora da Unicamp Antonia Cecilia Zacagnini Amaral realiza um workshop do Projeto Biota Araçá/São Sebastião.
Ainda sobre a programação de 2014, Joly destacou uma chamada de propostas focada em estudos sobre espécies invasoras, prevista para fevereiro, e outra com foco na área de educação em biodiversidade, ainda sem data definida.
“A coordenação do BIOTA também planeja envolver sua comunidade de pesquisadores na efetiva implementação do Programa de Trabalho da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), que está sendo discutido e aprovado esta semana em Antalya, Turquia”, comentou Joly.
Agência FAPESP