Segundo Faria, foram coletados troncos petrificados (o termo mais comum entre os especialistas é “permineralizados”) de sete localidades do estado de São Paulo: Piracicaba, Saltinho, Rio Claro, Santa Rosa de Viterbo, Angatuba, Conchas e Laras. “Além de trabalhar com a identificação de como se compunha essa vegetação que existia no estado de São Paulo, num momento em que os continentes sul-americano e africano ainda estavam conectados e as florestas ainda não possuíam elementos de angiospermas (plantas que dão frutos e flores), estudamos ainda a fenologia foliar das árvores. A fenologia foliar diz respeito ao tempo de duração das folhas, se tais espécies perdem as folhas (espécies decíduas) ou se as conservam (espécies perenes). Essas interferências foram feitas a partir de análise de anéis de crescimento, que, além disso, ainda indicam por quanto tempo cresceu o ramo em questão”, disse o professor.
Durante os estudos, o professor também encontrou proliferação de fungos nos lenhos (peça de madeira cortada da árvore). A descoberta, considerada inédita no Brasil, retrata, segundo Faria, um momento de “tempos difíceis”. “A presença de fungos em madeiras fósseis é rara. Sugere-se, portanto, um colapso dos ecossistemas, o que indica que no período Permiano as condições para o desenvolvimento das coníferas não eram boas”, explica.
As descobertas são fruto da tese de doutorado do professor Rafael Souza de Faria pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Um dos artigos da tese foi recentemente aceito com modificações no periódico Review of Palaeobotany and Palynology.
Conjuntamente com a orientadora de sua tese, Faria ainda publicou recentemente um artigo no periódico Palaeontology sobre algas do mesmo período das coníferas estudadas no doutorado; algas carófitas e que são algas ancestrais de todas as plantas terrestres.