Estas descobertas, de pesquisadores das Universidades de Edimburgo e de São Paulo, poderiam ajudar a prever como as plantas e os animais irão reagir às futuras mudanças ambientais.
Apenas 10 % da Mata Atlântica ainda sobrevive, uma região de floresta tropical e mata cobrindo uma área de cerca de 1.300.000 km2, estendendo-se ao longo da costa do Atlântico no Brasil e chegando até o Paraguai e a Argentina. Sua rica biodiversidade e localização vulnerável conferem a essa região uma importância internacional.
A existência de certos tipos de pólen, que podem sobreviver durante milhares de anos, sugere que a região de Linhares da Mata Atlântica vem experimentando verões cada vez mais chuvosos e invernos cada vez mais secos durante os últimos 7.000 anos, causando mudanças nos tipos de planta encontrados nessa floresta.
Os cientistas dizem que os verões mais quentes e úmidos podem ter sido causados por uma mudança no eixo de rotação da Terra, que ocorre a cada 20.000 anos e afeta o clima do planeta.
Os pesquisadores acreditam que isso resultou no desenvolvimento de um microclima altamente localizado e um assim chamado refúgio de floresta antiga, proporcionando um hábitat para plantas e animais quando outras partes da Mata Atlântica ficaram sem árvores.
Estas descobertas ajudam a explicar a presença de muitas espécies raras na área estudada e poderiam ajudar a prever como as florestas mudarão no futuro.
Os pesquisadores esperam que seu trabalho saliente a necessidade de criar e proteger corredores de vegetação ou rios entre áreas cada vez mais fragmentadas da Mata Atlântica.
Esses corredores permitem que plantas e animais se dispersem entre áreas isoladas da floresta e ajudem a manter a biodiversidade. Mudanças na legislação que protege as florestas brasileiras, assim como a construção mais intensiva de estradas, podem resultar no isolamento ainda maior dos fragmentos de floresta e na redução do acervo genético.
Antonio Álvaro Buso Júnior, da Universidade de Edimburgo, um dos pesquisadores do estudo disse: “Esses antigos grãos de pólen nos permitem revelar os segredos do passado e poderiam nos ajudar a prever como esta região vital vai reagir no futuro. Nosso estudo mostra como as plantas reagiram às mudanças nas condições e eu espero que agora possamos montar uma defesa para a maior proteção destes ecossistemas preciosos”.
Depto. de Imprensa e Relações Públicas, Universidade de Edimburgo
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