“Até o momento, estrelas com características similares à do sol foram encontradas somente na vizinhança solar”, conta o professor José Dias do Nascimento Júnior, do Departamento de Física Teórica e Experimental da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e líder da equipe de astrônomos. O professor Jorge Meléndez, do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia e Geofísica (IAG) da USP, também integra a equipe. Sua participação foi essencial na determinação das abundâncias químicas de alguns elementos da estrela CoRoT Sol 1.
Parte da equipe envolvida na descoberta integra a equipe do satélite CoRoT, um projeto internacional que integra pesquisadores da França, Áustria, Bélgica, Brasil, Alemanha e Espanha. O satélite fornece dados espaciais que possibilitam determinar os períodos de rotação das estrelas. As observações de caracterização da estrela CoRoT Sol 1 foram feitas no telescópio Subaru, pertencente ao Observatório Astronômico Nacional do Japão, localizado em Mauna Kea, no Havaí (EUA). As observações com o telescópio Subaru que resultaram na descoberta foram realizadas entre outubro de 2012 e março de 2013.
Mais velha que o sol
Cientistas já haviam localizado cinco estrelas na vizinhança solar, entre estas a HIP 56948, encontrada pelo professor Jorge Meléndez. Mas nenhuma delas com as características da recém-descoberta. No entanto, a CoRoT Sol 1 tem todas as características de uma gêmea, sendo a única que é ligeiramente mais velha que o sol. Segundo o professor Nascimento, a gêmea já tinha sido observada desde 2007 pelo satélite CoRoT e estava entre as cerca de 230 mil estrelas observadas entre 2007 e 2012.
Com base nos dados do CoRoT os astrônomos sabiam que o seu período de rotação é um pouco maior do que o sol, em torno de 29 dias, o que era esperado pela sua maior idade. A informação foi confirmada com os dados do telescópio Subaru. Além disso, os cientistas descobriram, após análise detalhada, que a gêmea solar é de fato uma estrela com uma massa e composição química semelhante ao sol. E por ser mais velha, é um precioso material para se estudar o futuro do sol. “Embora a composição química global da CoRoT Sol 1 é semelhante ao sol, o seu padrão de abundância detalhada mostra algumas diferenças, como é também apresentada pela maior parte das gêmeas solares próximas que são relativamente mais brilhantes”, comenta o professor Nascimento. “A comparação da composição química da gêmea é indispensável para sua caracterização”.
CoRoT Sol 1 está localizada na constelação do Unicornio. Ao contrário de outras gêmeas solares, esta estrela é 200 vezes mais fraca do que a gêmea solar mais brilhante conhecida, a 18 Sco. Somente graças à grande área de coleta do telescópio Subaru, foi possível estudar em detalhe o espectro dessas estrelas fracas.
Além dos professores José Dias do Nascimento Júnior e Jorge Meléndez, participaram das pesquisas o doutor Jefferson da Costa e o professor Matthieu Castro (UFRN); o professor Gustavo F. Porto de Mello, do Observatório do Valongo da UFRJ; e o professor Yoichi Takeda, do Observatório Astronômico Nacional do Japão.
Mais informações: com os professores Jorge Mélendez pelo email Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. e José Dias do Nascimento pelo email Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Antônio Carlos Quinto / Agência USP de Notícias