Ao avaliar a atividade elétrica em neurônios isolados, Zampronio observou que uma determinada molécula chamada endotelina diminuía a liberação de vasopressina, uma substância capaz de aumentar a pressão arterial. O efeito da endotelina, segundo ele, ocorre através da liberação de endocanabinóides endógenos, substância esta que pode regular a liberação de neurotransmissores que seriam importantes para a liberação da vasopressina.
Por isso, os estudiosos "elegeram a sepse como objeto de estudo, por se tratar de uma situação onde altas concentrações de endotelina são liberadas pelo corpo e onde se observa uma queda da pressão arterial", destaca o professor da UFPR. Zampronio ressalta que "estes são os primeiros resultados do estudo e que há muito ainda o que investigar".
Continuidade da pesquisa
Por se tratar de uma área pouco pesquisada no Brasil, a pesquisa do professor Zampronio, teve continuidade no trabalho de dois alunos que orienta. São eles Daniel Fraga, que faz pós-doutorado, e Mariane Cristina Guttervill Leite, aluna de mestrado, ambos bolsistas do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).
De acordo com Zampronio, o trabalho de Daniel Fraga demonstrou que a administração de um medicamento que bloqueia a ação dos endocanabinóides endógenos, o rimonabanto (substância utilizada para redução de peso, mas que foi proibida no Brasil), "reduziu significativamente a mortalidade dos animais com sepse, mesmo quando administrada após o início da doença". O mesmo resultado foi verificado quando administrados os bloqueadores da ação da endotelina.
A investigação prossegue na UFPR com o estudo da bolsista do Reuni, Mariane Cristina Guttervill Leite, que procura confirmar se o efeito destes dois medicamentos está relacionado com o aumento da liberação de vasopressina (hormônio com efeito antidiurético, secretado em casos de desidratação e queda da pressão arterial) e com o aumento da pressão arterial. A previsão para finalizar esta etapa da linha de pesquisa é em abril de 2014.