“A vantagem é que este dentifrício pode ser deglutido pelas crianças numa quantidade maior do que o convencional, sem o risco de causar a fluorose dentária”, garante a dentista. “Ele é tão eficaz contra a cárie quanto o dentifrício convencional, e ao mesmo tempo é mais seguro para evitar a fluorose”. O grupo de pesquisa de flúor da FOB desenvolveu uma formulação dentifrícia líquida de baixa concentração de flúor (550 ppmF) e pH ácido (4,5) para combinar as estratégias de redução da ingestão de flúor através do dentifrício.
A pesquisa foi realizada com 315 crianças de 2 a 4 anos de idade, procedentes de 5 escolas das diversas regiões da periferia de Bauru, que tem água fluoretada, durante o ano de 2010. As crianças tinham apenas a dentição decídua (dente de leite) e utilizaram o dentifrício no período de um ano. Da mesma forma, numa parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) a aluna de doutorado Dayane Mangueira analisou 215 crianças da cidade de João Pessoa (Paraíba), que não tem água fluoretada. O resultado apontou uma progressão menor de cárie em Bauru e uma progressão mais alta em João Pessoa.
A análise da progressão ou regressão das lesões de cárie foi feita clinicamente e utilizando o método da fluorescência quantitativa (QLF), que permite a detecção precoce, quantificação e monitoramento de lesões no estágio inicial da cárie. Este fator é uma vantagem em comparação aos dados qualitativos e subjetivos obtidos pelo exame visual convencional, porque com o aparelho foi possível detectar que o dentifrício de baixa concentração de flúor (550 ppm F) e pH ácido (4,5) é tão eficaz na prevenção do aparecimento de novas lesões e regressão de lesões cariosas pré-existentes, quanto o dentifrício convencional (1.100 ppm F e pH 7,0). Além disso, estes dois dentifrícios tiveram uma performance melhor do que o dentifrício de baixa concentração de flúor (550 ppm F) e pH neutro (7.0).
Gel dental
O dentifrício utilizado na pesquisa denomina-se “gel dental escovinha” e foi desenvolvido na FOB, durante a tese de doutoramento do aluno Fabiano Vieira Vilhena, sob orientação da professora Marília Afonso Rabelo Buzalaf. O produto foi patenteado por intermédio da Agência USP de Inovação e foi o vencedor da primeira edição da Olimpíada USP de Inovação, superando mais de 600 tecnologias de todas as áreas do conhecimento. Hoje, Vilhena é proprietário da empresa Oralls Saúde Bucal Coletiva, localizada em São José dos Campos (SP), que adquiriu da USP a licença para comercializar o produto.
O gel dental já foi distribuído em diversas Prefeituras Municipais do Brasil e dentro de pouco tempo deverá ser colocado à venda ao consumidor em duas embalagens: 100 gramas (g) ao preço de R$ 2,90 a R$3,00 e 50 g ao preço de R$ 2,00. A compra poderá ser feita diretamente na empresa Oralls. O produto já foi utilizado por 10 mil pessoas, entre crianças e seus familiares e resultou em cinco estudos clínicos de pesquisa.
A fluorose dentária, que só acontece em criança, se manifesta como um defeito de desenvolvimento do dente, quando se tem uma ingestão excessiva de fluoreto no momento em que o dente está sendo formado, no caso da dentição permanente é de 1 ano até 7 anos de idade. Este defeito é caracterizado nos casos mais suaves por manchas esbranquiçadas opacas, e nos casos mais severos por manchas amarronzadas e até mesmo com perda de substância do esmalte, porque ele fica muito quebradiço e pode fraturar.
A pesquisa desenvolvida no Laboratório de Bioquímica da FOB recebeu o Prêmio Colgate de Pesquisa em Prevenção durante a 90ª edição do Congresso da Associação Internacional de Pesquisa Odontológica (IADR), realizado em junho de 2012, em Foz do Iguaçu (Paraná). O trabalho Efeito do pH e da concentração de flúor presente em dentifrícios líquidos no controle de cárie em área fluoretada: estudo clínico randomizado foi desenvolvido por Cristiane, doutoranda em Biologia Oral no Programa de Pós-Graduação da FOB, com orientação da professora Marília Afonso Rabelo Buzalaf. O prêmio selecionou os melhores trabalhos científicos em prevenção, apresentados por pesquisadores da Américas do Norte e Latina, Europa, África, Oriente Médio e Ásia.
Mais informações: (14) 3235-8385
Da Assessoria de Comunicação da Prefeitura do Campus de Bauru