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A equipe de pesquisadores do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas, responsável pelo projeto conceitual de Sirius, a nova fonte síncrotron brasileira, submeteu os parâmetros da nova máquina à avaliação de um grupo de especialistas em física de aceleradores do Brasil e do exterior. O projeto foi considerado “ambicioso”, “consistente” e “muito viável”.
“Sirius será um competidor sério no mercado mundial de síncrotrons”, afirmou Robert Hettel, do Stanford Synchrotron Radiation Laboratory, nos Estados Unidos.

De acordo com os avaliadores, imaginar o impacto de um síncrotron de terceira geração na comunidade de pesquisa do Brasil e da América do Sul os deixa “altamente empolgados”.

A avaliação desses especialistas – todos integrantes do Machine Advisory Committee (MAC), uma espécie de comitê consultivo do projeto – é crucial para referendar as escolhas tecnológicas do LNLS ou para redirecionar o projeto.

Além de Hettel, estiveram em Campinas Helmut Wiedmann, também de Stanford; Mikael Eriksson, do MAX-IV, o novo síncrotron da Suécia; e Nelson Velho de Castro Faria, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

No primeiro MAC Meeting, em junho de 2012, eles desafiaram a equipe responsável pelo projeto Sirius a rever algumas especificações da rede de magnetos para reduzir a emitância da fonte de luz de 1.8 nm rad para menos de 1 nm rad, aumentando o seu brilho.

Em pouco mais de um mês, depois de analisar várias redes, avaliar custos financeiros e impactos no projeto executivo, a equipe chegou a uma proposta de emitância de 0.28 nm rad, o que torna Sirius uma máquina única, com a menor emitância natural dentre os síncrotrons no mundo, próxima à de MAX IV, da Suécia, também em fase de construção.

O novo parâmetro de emitância exigiu mudanças na rede de ímãs no anel de armazenamento de elétrons – o número de dipolos, sextupolos e quadrupolos saltou de 460 para 700 – e na circunferência do anel, que cresceu de 480 metros para 518 metros.

Exigiu também o redesenho da câmara de vácuo, a substituição do aço inoxidável por cobre e o domínio da tecnologia de deposição de uma liga NEG (non- evaporable gatter) desenvolvida pelo Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN).

O comitê aprovou a utilização de ímãs de campo magnético intenso de 2 T nas linhas de dipolo, endossou o uso de amplificadores de estado sólido para restaurar a energia do feixe de elétrons e fez uma série de recomendações relacionadas ao sistema de vácuo, de controle, entre outros, que, desta vez, não exigirão mudanças radicais no projeto.

Os especialistas destacaram o gerenciamento do projeto e apoiaram a ideia do LNLS de buscar parceiros entre as empresas brasileiras para o desenvolvimento de vários dos componentes da nova máquina. O valor do projeto, estimado em R$ 650 milhões, foi considerado “compatível” com o de outros projetos da mesma escala.

O LNLS fez coincidir o encontro dos especialistas do MAC com a reunião de seu Comitê Científico (Scientífic Advisory Committee - SAC) que visita o laboratório a cada dois anos para acompanhar as atividades regulares de operação do síncrotron atual, já que a pauta incluía também o projeto Sirius.

Os resultados foram muito positivos: o comitê científico aprovou as especificações técnicas das primeiras 13 linhas de luz da nova fonte, projetada para abrigar um total de 40 linhas em sua capacidade máxima. “Os dois encontros foram uma ótima oportunidade para discutir o projeto e altamente estimulantes para o conjunto da equipe”, disse Antonio José Roque da Silva, diretor do LNLS.

Estiveram em Campinas os seguintes membros do Comitê Científico do LNLS: Galo Soler Illa, da Comissão Nacional de Energia Atômica da Argentina; José Riveros Nigra, da Universidade de São Paulo (USP); Massimo Altarelli, do European XFEL Project Team, da Alemanha; Nicholas Bernard Brookes, do European Synchrotron Radiation Facility (ESRF), na França; Thomas Earnest, do Shangai Synchrotron Radiation Facility; Volker Saile, do Karlsruhe Institute of Technology; William Stirling, do ESRF; Rosangela Itri, do Instituto de Física da USP, e Qun Shen, do Brookhaven National Laboratory (BNL), nos Estados Unidos.

Leia mais sobre o Sirius em: http://agencia.fapesp.br/16751.

Mais informações: http://lnls.cnpem.br

Agência FAPESP