As manchas na pelagem, que geram fascínio sobre os humanos, variam conforme a espécie e o padrão exato é individual. A partir delas os pesquisadores conseguem inclusive identificar espécies e indivíduos de felinos na natureza. Em artigo anterior, que foi capa da revista Genetics em 2010, Eizirik e colaboradores haviam identificado duas regiões no genoma do gato doméstico que continham genes determinantes de listras e pintas. Naquele trabalho, o grupo propôs que esses animais fossem considerados modelos para os estudos genéticos desse fenômeno. Conhece-se, por exemplo, mais de cem genes que influenciam a pigmentação de camundongos, mas nenhum deles era sabidamente envolvido na formação de marcas padronizadas na pele, como pintas e listras, já que essa espécie não apresenta esse tipo de característica na sua pelagem. "Dessa forma, o gato doméstico passou a ser visto como um interessante modelo para um fenômeno que pode s er geral para todos os mamíferos", explica Eizirik.
O estudo atual, publicado na Science, investigou em mais detalhe uma das regiões genômicas identificadas na análise anterior, apontando um dos genes envolvidos nessa característica. O artigo mostrou que mutações nesse gene são responsáveis pela diferença entre os padrões de manchas "clássico" (aka classic ou blotched, com padrão circular) e mackerel tabby (com listras verticais) e também induzem uma variante conhecida na pelagem do guepardo (guepardo real ou king cheetah) na qual as pintas são substituídas por listas irregulares.
"Em mamíferos, não se tinha um gene conhecido envolvido na formação do padrão da pele", destaca Eizirik, para quem essa descoberta é importante para o estudo do desenvolvimento dos mamíferos, e também da evolução das espécies e sua adaptação ao ambiente.
PUCRS Assessoria de Imprensa