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Dez para um. Essa é a proporção da prevalência dos transtornos alimentares entre mulheres e homens. E, com mais predominância (60,5%), entre mulheres na faixa entre os 19 e 59 anos. Esse é o resultado da pesquisa Ambutal: Uma experiência interdisciplinar realizada no âmbito do tratamento de transtornos alimentares e de obesidade na região da Grande Florianópolis, realizada pelas psicólogas Alessandra d´Avila Scherer e Maria Angela Giordani Machado e pelas nutricionistas Fernanda Renzetti e Francine Ferrari.
Ambutal é o Ambulatório de Transtornos Alimentares e Obesidade, projeto de extensão da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) que prestou atendimento gratuito à população de 2007 a 2011.

A pesquisa das professoras da Unisul foi publicada na última edição da Revista CERES – Nutrição e Saúde, editada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Seus resultados, ressaltam as pesquisadoras, corroboram investigações sobre o transtorno da compulsão alimentar periódica – um transtorno psiquiátrico relacionado à ingestão compulsiva de alimentos, num curto período de tempo, e de forma recorrente.

A professora Alessandra diz que uma ressalva a ser feita é de que as mulheres são as que mais buscam esse tipo de atendimento, daí talvez a incidência maior do gênero feminino nos índices apresentados. Mas essa é uma questão colocada em todas as pesquisas realizadas em qualquer parte do mundo: mulheres sempre prestam mais atenção à sua saúde do que os homens.

A pesquisadora chama a atenção para outra importante informação detectada pela pesquisa: a busca por atendimento de pessoas que realizaram a cirurgia bariátrica (redução do estômago), com queixas sobre transtornos alimentares e reincidência de ganho de peso.

E, mesmo sendo uma incidência menor, a pesquisadora salienta o percentual de 27% correspondente à faixa que compreende a infância (0 a 12 anos). “O aumento da obesidade infantil é notável em todo o mundo, trazendo riscos e consequências para a saúde da criança. Distúrbios ortopédicos, gastroenterológicos, endócrinos, metabólicos, cardiovasculares, pulmonares e neurológicos, além das significativas dificuldades econômicas e psicossociais associam-se à obesidade”, salienta a pesquisa.

Já os 11% dos casos que estão na faixa de 13 a 18 anos relacionam-se aos pacientes com hipóteses de bulimia e anorexia nervosas. Destes, 14,6% apresentaram a hipótese diagnóstica de bulimia nervosa e 6,2% com hipótese de anorexia.

Ao concluir que as demandas detectadas e tratadas na região da Grande Florianópolis encontram-se em consonância com os dados apresentados na literatura especializada sobre o assunto, a pesquisa é um alerta, salienta a professora Alessandra: “Devemos dar atenção à existência destes problemas relacionados ao comportamento alimentar também em nossa região, como também alertar os profissionais no sentido do necessário preparo para realizar os diagnósticos e conduzir os tratamentos de forma consciente".