A aquisição do Alpha Crucis faz parte de um projeto de incremento da capacidade de pesquisa submetido à FAPESP pelo Instituto Oceanográfico (IO) da USP, no âmbito do Programa Equipamentos Multiusuários (EMU).
O navio tem 64 metros de comprimento por 11 metros de largura. Tem capacidade para levar 20 pessoas e deslocar 972 toneladas. O custo total da embarcação, incluindo a reforma, foi de US$ 11 milhões. A expectativa é que ele proporcione um grande salto qualitativo na pesquisa oceanográfica do país.
De acordo com o pesquisador-chefe do navio, Luiz Vianna Nonato, o Alpha Crucis cruzou a linha do equador na segunda-feira (30/04) e, às 14 horas, realizou sua primeira estação oceanográfica, que consistiu no lançamento de aparelhos de pesquisa e na coleta de dados na foz do rio Amazonas, na costa brasileira.
“Neste momento, estamos a 100 milhas da costa do estado do Maranhão”, disse Nonato, pelo telefone via satélite da embarcação, à Agência FAPESP.
As condições meteorológicas estavam bastante ruins na saída de Seattle, com ondas de até 10 metros e fortes temporais, que chegaram a atrasar a partida, segundo Nonato.
“A região é propensa a tempestades e, mesmo esperando alguns dias, saímos com o mar muito agitado na primeira semana. Depois disso, tivemos um tempo excepcionalmente bom durante toda a viagem. Todos os equipamentos estão totalmente operacionais e a viagem está extremamente tranquila”, disse.
“Essa estação oceanográfica não estava vinculada a nenhum projeto formal de pesquisa, mas teve o objetivo de submeter os equipamentos a testes e de proporcionar treinamento do grupo de bordo no uso da infraestrutura oferecida pelo navio, que é bastante diferente da que tínhamos à disposição no navio antigo”, explicou Nonato.
A tripulação do Professor Besnard foi incorporada ao Alpha Crucis. Alguns novos tripulantes serão agregados. Participaram da viagem para o Brasil seis pesquisadores do IO-USP e 14 tripulantes. “Vieram também quatro consultores do antigo proprietário do navio, a fim de transmitir sua experiência à tripulação”, disse Nonato.
Originalmente, o Alpha Crucis pertencia à Universidade do Havaí e tinha o nome Moana Wave. Recentemente, o navio foi transferido para a Agência Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos. Depois da aquisição pela FAPESP, a embarcação passou por reformas e modificações, durante dez meses, no estaleiro onde se encontrava em Seattle.
“O navio está absolutamente operacional e vários outros experimentos serão realizados à medida que formos costeando o Brasil, com o objetivo de testar os equipamentos e treinar o pessoal”, disse Nonato.
Recursos modernos de pesquisa
Quando chegar a Santos, o Alpha Crucis passará por uma série de procedimentos burocráticos, com a finalidade de formalizar sua situação no Brasil.
“O navio será submetido à Receita Federal, a fim de nacionalizar seus equipamentos, passará por uma série de procedimentos na Capitania dos Portos e outros órgãos públicos. Haverá também manutenção a ser feita. Depois de uma viagem de quase 50 dias, é normal que o navio apresente problemas que só poderiam mesmo ser avaliados durante a viagem”, contou Nonato.
O cientista estima que será necessário pelo menos um mês, depois de atracar em Santos, para que todos os procedimentos sejam realizados. “Depois disso o navio estará 100% pronto, tanto no aspecto técnico como no aspecto administrativo. E só então ficará à disposição da comunidade científica”, disse.
Segundo Nonato, o Alpha Crucis oferece recursos de pesquisa muito mais modernos que o seu antecessor e por isso deverá ter uma procura muito maior pelos pesquisadores interessados em usá-lo em seus projetos.
“Além disso, depois de quatro anos sem um navio oceanográfico disponível em São Paulo, temos uma imensa demanda reprimida. Muitos projetos de pesquisa já estão com os estudos laboratoriais concluídos e estão apenas à espera do Alpha Crucis para desenvolver o trabalho de campo. A demanda será colossal, especialmente no início”, disse.
Agência FAPESP