Composto por três torres, do tamanho de geladeiras domésticas que juntas pesam três toneladas, o conjunto de computadores possui 2,3 mil núcleos de processamento. O sistema possibilitará um aumento de 60 vezes na escala de processamento do Departamento de Astronomia da USP. O cluster utilizado anteriormente pela instituição possuía 40 núcleos de processamento.
“Não conhecemos nenhum departamento de astronomia no mundo com essa capacidade computacional. Existem universidades e consórcios entre instituições de pesquisa com clusters muito maiores, mas o tempo de processamento é dividido entre várias áreas e não são dedicados totalmente à astronomia”, disse Alex Carciofi, professor da USP e responsável pela implementação do projeto à Agência FAPESP.
De acordo com ele, o aglomerado de computadores possibilitará aumentar o grau de realismo físico e rodar mais modelos matemáticos (simulações numéricas) utilizados para estudar os sistemas astronômicos, como estrelas, galáxias e meio interestelares.
Considerados simulações da natureza, quanto mais processos físicos são incorporados aos modelos numéricos para torná-los mais realistas, mais “pesados” computacionalmente eles se tornam e demandam mais tempo para serem processados.
“Com um equipamento desse porte é possível aumentar a escala do problema que pretendemos estudar, mantendo um tempo de processamento razoável, de modo que nós consigamos processar um maior número de modelos em tempo hábil para realizar nossas pesquisas”, explicou Carciofi.
O equipamento também permitirá ao pesquisadores do Departamento de Astronomia da USP ingressar em nossas fronteiras do conhecimento na área, como a astrofísica computacional.
A exemplo do que está ocorrendo em outros campos da ciência, a nova área é resultado da fusão de disciplinas que anteriormente eram distintas e seguiam separadas, como a astrofísica e a ciência da computação.
O que se deve, entre outros fatores, ao fato de que instrumentos astronômicos modernos – como telescópios robóticos que operam automaticamente – estão gerando um grande volume de dados que precisam ser analisados. “É preciso desenvolver novas técnicas para obter resultados a partir desse grande volume de dados”, disse Carciofi.
Em um primeiro momento, o cluster atenderá 150 usuários, entre estudantes de pós-graduação, docentes e pós-doutorandos do IAG. Mas também estará disponível para ser utilizado por pesquisadores de outras instituições científicas.
Por meio do equipamento também será possível atrair cientistas de outros estados e países, que necessitam de uma grande capacidade de processamento computacional para realizar suas pesquisas.
“Os pesquisadores de fora podem escolher vir para o IAG para realizar um pós-doutorado, por exemplo, justamente porque a instituição dispõe de um cluster como esse”, disse Carciofi.
O pesquisador estima que até o fim de janeiro começarão a realizar os primeiros cálculos numéricos massivos (chamados number crunching) no novo equipamento, a fim de alcançar modelos reais de fenômenos nas áreas de astrofísica, cosmologia e astronomia galáctica.
O supercomputador foi desenvolvido pela empresa GSI e é baseado em uma plataforma Blade Altix ICE 8400 com um processador AMD Opteron 6172, com 4,6 terabytes de memória.
Agência FAPESP