De acordo com o Inpe, este é o primeiro módulo científico brasileiro no interior do continente antártico – o país possui apenas uma base na região da península. Toda a infraestrutura do Criosfera 1 foi desenvolvida, integrada e testada no instituto.
O módulo tem uma estrutura de 6,30 m de comprimento, 2,60 m de largura e 2,5 m de altura, resultando em um peso total de 3,5 mil quilos. A instalação fica a 1,5 m do solo para evitar o acúmulo de neve ao redor e permitir a passagem do vento.
Com o envio diário por satélite dos dados meteorológicos coletados, a intenção é obter análise sobre os reflexos dos poluentes gerados na América do Sul e outras partes do mundo no continente antártico.
O grupo é composto por dez cientistas que estão na região junto ao módulo (84°S, 79°29'39"W) e mais sete que ficaram realizando trabalhos no chamado acampamento base, localizado na região da Geleira Union (79°46'S, 82°50'W).
Participam do projeto pesquisadores e técnicos do Inpe e das universidades Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Entre as principais atividades científicas estão: a perfuração das camadas de gelo sobre o continente antártico do acampamento avançado, a fim de obter os testemunhos que revelam a história da composição atmosférica do planeta (cilindros de gelo com cerca de 7 cm de diâmetro e 80 cm de comprimento), a montagem e ativação do módulo Criosfera 1, que ficará funcionando de forma autônoma e enviando dados meteorológicos durante todo o ano, e o levantamento da morfologia e dinâmica das massas de gelo da Geleira Union e como elas respondem às variações ambientais.
Pelas condições meteorológicas e agenda de trabalho, os cientistas adiaram seu retorno do acampamento avançado, que deve ocorrer entre 19 e 22 de janeiro. A previsão é chegar a Punta Arenas, no Chile, no dia 24 do mesmo mês.
Um marco para o Programa Antártico Brasileiro, de acordo com o Inpe, o Criosfera 1 será o primeiro do tipo instalado no interior antártico a funcionar 24 horas por dia, sem a necessidade de acompanhamento humano em suas operações. O módulo possui painéis solares e geradores eólicos em vez de utilizar combustível fóssil para seu funcionamento.
Os resultados obtidos no módulo autônomo irão se somar às pesquisas realizadas na Estação Antártica Brasileira de Comandante Ferraz, localizada na latitude 62° S, na borda do continente.
Ao lado de outras instituições brasileiras, o Inpe realiza pesquisas na região há mais de 25 anos. Seus estudos na Antártica enfocam a dinâmica da atmosfera, a camada de ozônio, meteorologia, gases do efeito estufa, a radiação ultravioleta, o transporte de poluição, oceanografia e interação oceano-atmosfera.
Mais informações: www.inpe.br.
Agência FAPESP