O procedimento foi desempenhado pelo médico Leonardo Torquetti Costa, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, e contou com a participação de Edmundo Sobrinho, professor adjunto de graduação na UFPA e de Residência Médica em Oftalmologia, no Bettina.
O Anel de Ferrara é uma prótese implantada na córnea, com objetivo de corrigir a deformidade da curvatura corneana, causada por algumas doenças, como ceratocone, degeneração marginal perlúcida e outras. A cirurgia de implantação do Anel de Ferrara, que visa estabelecer uma superfície corneana mais regular, resultando em melhoria da visão, com auxílio de óculos e/ ou lentes de contato, ainda não possui cobertura, no Brasil, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O procedimento serviu como demonstração a todos os médicos residentes em Oftalmologia do Bettina.
Um dos pacientes que passou pela cirurgia foi a administradora Brenda Braga, 27 anos, que reside no bairro do Mangueirão, em Belém. Ela, que há um ano e meio fez, em São Paulo, o transplante de córnea no olho direito, corria o risco de perder a visão do olho esquerdo. Os problemas foram ocasionados por ceratocone, doença não inflamatória degenerativa. “Antes e durante a cirurgia, fiquei nervosa, mas hoje me sinto bem”, conta Brenda.
Acesso ao conhecimento - Para o diretor geral do HUBFS, o médico e sociólogo Paulo Amorim, a apresentação da implantação do Anel de Ferrara no HUBFS proporcionou aos médicos residentes o acesso ao conhecimento e à tecnologia utilizada no procedimento. “É fundamental disponibilizarmos experiências como essas aos nossos residentes. A cirurgia pode ser realizada de forma ambulatorial e, em um futuro próximo, será absorvida pelo Sistema Único de Saúde. Quando isso ocorrer, não vamos medir esforços para implementar o serviço no Bettina beneficiando a população atendida pelo Sistema”, disse.
O sucesso do anel de Ferrara em ceratocone ocorre em aproximadamente 80% dos casos. Depois da cirurgia, a recuperação visual demora em média de 3 a 6 meses. Alguns pacientes, entretanto, já observam alguma reabilitação visual dias após a cirurgia. Porém o uso do anel é contraindicado em pacientes com córneas muito comprometidas e com cicatrizes extensas. Nestes casos, o transplante é o tratamento mais indicado.