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Moléculas que inibem a atividade do fator transformador de crescimento beta (TGF?), responsável por estimular a divisão celular, são pesquisadas na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP. As moléculas, planejadas e selecionadas por meio de técnicas de química medicinal computacional, poderão ser usadas como possíveis fármacos destinados ao controle do câncer, arterosclerose e outras doenças. Até o início de 2012, deverá ser concluída a escolha das moléculas que serão submetidas a testes biológicos.
O TGF? é uma molécula produzida em vários locais do organismo e está relacionado a processos biológicos em diversas fases da vida. “Durante a fase embrionária, por exemplo, ele se liga ao receptor biológico e sinaliza a divisão celular, estimulando o crescimento”, diz a professora da EACH, Kathia Maria Honório, que coordena a pesquisa. “Essa mesma molécula, no caso de doenças como o câncer ou arterosclerose, por exemplo, pode sinalizar de forma desenfreada a divisão de células anormais, como as que formam tumores, levando a processos nocivos ao corpo.”

A pesquisa procura identificar moléculas que tenham a capacidade de se ligar aos receptores biológicos, inibindo a sinalização que desencadeia a divisão celular. “Uma vez comprovada sua ação, essas moléculas poderão ser usadas como fármacos para controlar o desenvolvimento de doenças”, afirma Káthia.

Por meio de modelos computacionais, é feita a simulação das substâncias bioativas e de seu contato com os receptores biológicos, num processo conhecido como docagem molecular. “Nesta etapa são planejadas moléculas que se encaixem nos receptores”, conta a professora. “Esse planejamento e as simulações são feitos a partir de informações sobre as proteínas e enzimas que compõem os receptores”.

Testes
As pesquisas se encontram em fase de triagem virtual, realizada em um computador que possui uma base de dados constituída para a pesquisa,  contendo milhares de moléculas para simular a interação com os receptores biológicos e selecionar aquelas que possuem maior afinidade e são candidatas a utilização em fármacos. “Este processo deverá estar concluído até o início de 2012”, planeja a pesquisadora.

Depois da síntese ou obtenção das moléculas selecionadas, elas serão submetidas a testes biológicos para verificar se existe afinidade real com os receptores. “Se os resultados forem positivos, será feita uma nova etapa de testes, inicialmente com animais (pré-clínicos) e depois com seres humanos (clínicos) para que as moléculas possam ser usadas em fármacos”, diz Kathia.

A professora está em contato com pesquisadores de outras áreas, especialmente síntese de moléculas e testes biológicos, visando a continuidade das pesquisas após a definição das moléculas candidatas. “Os estudos em química medicinal para a obtenção de novos fármacos exigem uma grande rede de colaboração”, ressalta. A triagem computacional é realizada no Laboratório de Química Medicinal Computacional da EACH.

A pesquisa de Kathia recebeu em 2010 o Prêmio “Para Mulheres na Ciência”, concedido pela L’Oreal, Academia Brasileira de Ciências (ABC) e Organização das Nações Unidas para a Educação e a Cultura (Unesco). “Além do reconhecimento do estudo, a premiação proporcionou recursos para equipar o laboratório”, destaca a pesquisadora.

Mais informações: (11) 3091-8856

Agência USP