A nova técnica já foi testada com sucesso pela própria Oilfinder em uma área piloto na Bacia de Campos, situada a sudeste da cidade de Cabo Frio. Com recursos do edital Apoio à Inovação Tecnológica, da FAPERJ, a nova técnica será aplicada em toda a Bacia, e os resultados serão oferecidos a possíveis compradores por um sistema de visualização 3D em tablet, munido de um programa de segurança de dados para garantir o sigilo das informações.
Sócio da empresa junto com o geólogo Carlos Beisl, Manlio Mano destaca que a nova técnica é inédita no Brasil e, possivelmente, no mundo. “O método atual utiliza apenas imagens de satélite para verificar as manchas na superfície do mar, mas sem detectar quais falhas geológicas no fundo do oceano podem ser a origem daquele óleo”, afirma Mano. O oceanógrafo explica que a influência das correntes marítimas pode levar ao deslocamento de óleo do fundo até um raio de cem quilômetros de distância de sua origem. “Na técnica atual, a área de investigação é muito grande, o que aumenta as chances de erro. Conseguimos refazer em alguns dias o caminho que uma mancha fez do fundo até a superfície do oceano, reduzindo em até 75 vezes a área a ser investigada”, complementa.
Com auxílio de dados de satélite, é possível inferir se a mancha é decorrente de vazamento de navio ou de plataforma de petróleo. “Neste caso, não se trata de uma exsudação e podemos descartar a mancha para fins exploratórios”, explica Mano. “Outras etapas para identificar essas áreas são o processamento de imagens de satélite, reconstrução da circulação oceânica tridimensional em cada data de exsudação, aplicação da modelagem inversa às manchas identificadas e cálculo das áreas de exsudação no fundo do mar”, completa.
Em maio deste ano, na cidade de Curitiba, durante a realização do XV Simpósio Brasileiro de Sensoreamento Remoto, foram apresentados os resultados de alguns dos testes feitos pela empresa. “Nos testes de validação, feitos em conjunto pela Coppe/UFRJ e Petrobras, 80% a 90% das áreas identificadas estavam sobre estruturas geológicas compatíveis com o escape de óleo”, afirma Mano. Segundo explica, o resultado superou as expectativas, uma vez que os resultados esperados eram de um índice de acerto entre 30% e 40%.
O nível de confiabilidade da área calculada no fundo do mar é definido numa escala decrescente de 1 a 6. O número 1 indica o maior grau de confiabilidade e também que cinco ou mais manchas de óleo convergiram para um mesmo ponto no fundo do oceano. Já o número 6 indica o grau de confiabilidade mínima, mas ainda dentro dos requisitos necessários para que a área definida seja oferecida ao mercado. O teste da Oilfinder na Bacia de Campos recebeu o nível 4. Para as imagens de satélite, Mano explica que basta recorrer a fornecedores dessas imagens, em geral estrangeiros. Dois fornecedores internacionais, inclusive, já procuraram a empresa para negociar a venda de um pacote de imagens. Para o oceanógrafo, isso é uma prova do ineditismo da técnica também fora do Brasil.
Apesar de tudo, Manlio Mano explica que a nova tecnologia não deverá substituir as etapas convencionais de um trabalho de prospecção de petróleo, mas servirá para aumentar a taxa de sucesso e reduzir custos. “Uma empresa que precisar furar dois poços para avaliar uma área, mas só tem recursos para um, poderá decidir com segurança qual o melhor ponto para fazer essa única perfuração”, exemplifica Mano.
Os sócios da Oilfinder esperam agora pela abertura das novas áreas de petróleo que serão oferecidas para exploração na 11ª rodada de licitações da Agência Nacional de Petróleo (ANP), marcada para setembro, para oferecer seus serviços. “Já estamos oferecendo nossa técnica a empresas interessadas no leilão”, explicam Manlio Mano e Carlos Beisl. “Com ela, já identificamos dez áreas de escape natural de petróleo ao longo da foz do rio Amazonas até o Rio Grande do Norte. Agora, esperamos vender estes dados”, concluem.
Assessoria de Comunicação FAPERJ