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Por Rosana Siqueira dos Santos - Autoridades mundiais estão preocupadas com o surto de infecção causada por uma variante da bactéria Escherichia coli, a E. coli enteropatogênica (EHEC) que até ao momento ocasionou a morte de 22 pessoas na Europa. O vilão da história tem sido o pepino, um vegetal muito consumido, principalmente no Brasil. Mas será que o pepino é o único veículo de contaminação? Provavelmente não. Alimentos como frutas e verduras podem estar envolvidos na disseminação da bactéria, não só na Alemanha como em outros países.
Mas como evitar que microrganismos cheguem até as nossas casas e nos causem danos, muitas vezes irreparáveis? Um dos segredos é a boa prática de manipulação durante o preparo desses alimentos. Lavar bem esses produtos e deixar de molho em solução de água sanitária por alguns minutos antes do preparo ajuda na redução da contaminação. Lembrando que a higienização das mãos do manipulador ou da dona de casa é fundamental também para combater a proliferação dessa bactéria, uma vez que a E. coli faz parte do trato intestinal do homem e animais de sangue quente. É eliminada constantemente no meio ambiente através das fezes e dessa maneira pode contaminar solo, água e rios, lagos e principalmente alimentos. Por isso o cuidado com a higienização é um fator muito importante no combate aos microrganismos.

A E. coli ao longo dos anos vem sofrendo mutações e com isso surgiram algumas variantes dessa bactéria, sendo a E. coli entopatogênica (EHEC) uma delas. É uma variante considerada patogênica, seus sintomas vão desde febre, vômitos, diarréia com presença de sangue até problemas mais graves como complicações renais. Essa bactéria possui alguns mecanismos de patogenicidade como fímbrias e adesinas que favorecem seu ataque a célula do hospedeiro auxiliando na fixação do epitélio do trato gastrointestinal impedindo sua eliminação pelos líquidos corporais que são nossa linha de defesa primária. Além disso, a bactéria possui parede celular, composta de LPS (lipopolissacarídeos) que induz a produção de endotoxina, ocasionando a alteração da temperatura corporal (febre) e também a verotoxina que tem capacidade de degradar eritrócitos (células sanguíneas) ocasionando assim a síndrome urêmica hemolítica levando a complicações mais severas como a insuficiência renal. Devido a todos esses fatores, os cuidados são fundamentais em pessoas com sistema imunológico debilitado, idosos e crianças.

A falta de boas práticas agrícolas durante a colheita de frutas e vegetais favorece a contaminação desses produtos por inúmeros microrganismos presentes no solo. O uso de água não potável durante a irrigação também é um ponto crítico de contaminação, assim como armazenamento e transporte inadequado desses alimentos ocasionando injúrias mecânicas que favorecem o ataque microbiano além da deterioração enzimática do alimento.

Com isso é provável que o pepino não seja o único responsável por essas séries de infecções e mortes alarmantes que vem ocorrendo na Alemanha, Suécia e outros países, podem estar envolvidos outros tipos de alimentos como frutas, verduras, legumes e outros tipos de vegetais. É fundamental fazer um levantamento minucioso em todos os tipos de alimentos e orientar constantemente a população da importância da higienização adequada desses alimentos antes de prepará-los. 

Rosana Siqueira dos Santos é bióloga com mestrado e doutorado em Ciência de Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Tem 17 anos de experiência em microbiologia e dá aulas há mais de cinco anos na Veris IBTA Metrocamp.