A pesquisa realizada no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) pela aluna do Programa de Pós-Graduação em Clima e Ambiente (Cliamb) Eliane Gomes Alves, orientada pelo pesquisador José Francisco Carvalho Gonçalves do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), teve como objetivo saber como alguns fatores ambientais como incidência de radiação solar e temperatura podem influenciar na emissão de isopreno pela planta, para isso foram selecionados três tipos de folhas da espécie Matamatá verdadeira (Eschweilera coriacea), em estados de amadurecimento diferentes para verificar se existia a variação de emissão desse composto em função de diferentes idades da folhas e também de diferentes níveis de luz e temperatura.
Segundo Eliane, aqui na Amazônia alguns trabalhos já foram feitos para se saber a concentração de alguns gases como o isopreno na atmosfera, mas medido diretamente na folha somente três trabalhos foram realizados: um em Rondônia, por um grupo de pesquisa da Alemanha; outro em seis locais da Amazônia, por um grupo de pesquisa dos Estados Unidos; e agora este realizado aqui.
Pesquisas têm apontado que o isopreno pode ser emitido em maior quantidade em temperaturas mais elevadas. “No meu trabalho, eu condicionei a planta a diferentes níveis de temperatura tentando identificar e quantificar sua emissão, os resultados demonstraram que em temperaturas entre, aproximadamente, 25°C e 45°C a emissão de isopreno foi crescente, indicando que a planta poderia emitir ainda mais do que foi apresentado na temperatura máxima em que foi possível expor a folha”, explica Eliane.
O aumento das emissões de isopreno, em função de mudanças de temperatura, poderá ocasionar padrões diferenciados nas reações químicas na atmosfera, pois o isopreno reage com outro composto chamado radical hidroxila, o qual também reage com o gás de efeito estufa metano. No entanto, o radical hidroxila reage de forma mais eficiente com o isopreno, o que pode aumentar o tempo de vida do metano na atmosfera, intensificando o efeito estufa.
Apesar dos resultados, Eliane lembra que muitas pesquisas ainda devem ser feitas, pois com os instrumentos por ela utilizados não se pôde provocar temperaturas maiores que 45°C na folha e também outras espécies de plantas devem ser consideradas, além de outros fatores ambientais.
Comunicação Social do Inpa/MCT