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Parte de um estudo sob a coordenação da professora Elke Cardoso, o projeto foi realizado entre os anos de 2002 e 2006 por um grupo de três pesquisadores. O objeto de estudo foi o solo de uma área de mineração de cassiterita (mineral derivado do estanho) em Rondônia. Segundo Rafael Vasconcellos, um dos pesquisadores, a fim de se avaliar o potencial de reabilitação do solo, foi feito um tratamento com as plantas Acacia mangium, Inga edulis, Mimosa caesalpiniaefolia, Parkia multijuga e Schinus terebinthifolius, que foram colocadas em um solo contendo rejeitos de cassiterita.
A partir daí, houve uma diferenciação no tratamento, em que os grupos de plantas interagiam com diferentes elementos: bactérias fixadoras de nitrogênio (responsáveis por fazer com que o nitrogênio do solo se transforme em compostos nitrogenados a serem utilizados para a nutrição das plantas), fungos micorrízicos (que auxiliam na absorção de fósforo), termofosfato yoorin (fertilizante a base de fósforo), e composto orgânico.

Cada um desses elementos poderia contribuir para o solo de uma forma. O termofosfato e o composto orgânico devolveriam diretamente ao solo nutrientes importantes, como, respectivamente, o fósforo e o carbono. No caso das bactérias fixadoras e dos fungos micorrízicos o processo é mais complexo. Os compostos nitrogenados produzidos pelas bactérias, uma vez assimilados pelas plantas, serão utilizados para o desenvolvimento das mesmas e retornarão ao solo quando folhas, frutos e galhos estiverem em processo de decomposição. Já os fungos usam o fósforo absorvido do solo como um tipo de “moeda de troca” pelo carbono produzido pela planta durante a fotossíntese. E a maior parte desse carbono será então liberado no solo, permitindo o desenvolvimento de outros micro-organismos.



Resultados
Exceto pela Parkia multijuga e pela Schinus terebinthifolius, todas as espécies foram inoculadas com as bactérias fixadoras. E dessa forma, elas foram dividas em grupos nos quais as espécies interagiam ou apenas com um dos elementos  ou com uma combinação deles.

Dentre todos os tratamentos, o que obteve melhor efeito foi a combinação entre o fungo micorrízio e o substrato de matéria orgânica. O crescimento da planta foi maior e houve maior absorção de fósforo. Isso acontece porque os dois são complementares: o fungo facilita a retirada de nutrientes pela planta e o composto orgânico aumenta a retenção de água e o teor de nutrientes no solo.

De acordo com Rafael, os resultados do estudo podem ser aplicados em outras áreas que não a região original, em Rondônia, uma vez que os solos brasileiros são, de forma geral, pobres em nutrientes devido às ações do intemperismo e da agricultura, além de sua idade geológica avançada.

E o tratamento pode ainda auxiliar na redução de custos nas lavouras, cujos solos costumam ficar rapidamente desgastados. Como forma de fazer a reposição, frequentemente se opta pela adubação nitrogenada. Porém, ao tratar o solo com as bactérias fixadoras e os fungos micorrízicos, a necessidade de adubação diminui, o que leva a um custo menor para o agricultor. Além disso, o tratamento também possui a vantagem de acelerar os desenvolvimento das plantas.

USP Online