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Um fóssil de uma nova espécie de crocodilo encontrado no interior do Estado de São Paulo foi batizado de Pepesuchus deiseae em homenagem ao professor José Martin Suárez, o Pepe, do departamento de Planejamento, Urbanismo e Ambiente, da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), Câmpus de Presidente Prudente, e à paleontóloga Deise Dias Rego Henriques, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, especialista de grande destaque nessa área. O fóssil foi encontrado em 2003 pelo pesquisador da Unesp em um ramal ferroviário no sudoeste de São Paulo entre as cidades de Presidente Prudente e Pirapozinho.
A homenagem foi anunciada no dia 16 de março em uma reunião da Academia Brasileira de Ciências, no Rio de Janeiro. O evento marcou o lançamento do volume 83 dos Anais da Academia Brasileira de Ciências. Na ocasião, foram apresentados quatro trabalhos sobre fósseis descobertos recentemente no país. Dos quatro citados, dois foram descobertos no município de Presidente Prudente, região com fósseis de dinossauros, tartarugas, peixes e invertebrados.

De acordo com informações da Academia, a espécie encontrada é da família dos peirossaurídeos, conjunto de animais com feições cranianas e dentes peculiares. Ela se junta a quinze outras espécies já conhecidas de jacarés do período Cretáceo Superior do Brasil. O Pepesuchus deiseae tem um corpo alongado e extremidades curtas e apresenta uma cabeça adaptada para permitir que seu nariz e seus olhos fiquem acima do nível da água. O crocodilo viveu há cerca de 65 milhões de anos na região de Presidente Prudente.

Geógrafo e paleontólogo, o professor Pepe faleceu em 2007. Ele defendeu tese em Ciências (Geologia) com o trabalho “Contribuição à Geologia do Extremo Oeste do Estado de São Paulo”. Autodidata, trabalhou com Geologia e Paleontologia na região do extremo Oeste de São Paulo, em Presidente Prudente, e encontrou muitos fósseis de diferentes espécies.

“Essa homenagem é uma coroação de uma carreira exercida com muita dedicação, esforço e satisfação. Todas as descobertas eram motivo de muita alegria, pois ele tinha a noção exata da importância de cada uma”, explica a filha de Pepe, Encarnita Salas Martin, também professora da FCT. “Se ele tivesse podido comparecer ao evento, teria ficado emocionado e extremamente feliz. Além disso, estaria cercado de paleontólogos amigos e companheiros de vários trabalhos e de longa data. Teria adorado compartilhar o nome do Pepesuchus com Deise”, conclui.

Imigrante

José Martin Suárez nasceu em Sevilha (Espanha). Trabalhou numa fábrica de aviões, integrou a Marinha Mercante da Espanha e imigrou para o Brasil. Trouxe apenas na bagagem um pouco de roupas e ferramentas. Quando Pepe chegou a Presidente Prudente, foi trabalhar como funileiro em uma oficina mecânica. Casou-se com Antonia, filha de espanhóis. Em 1969 acabou encontrando o fóssil de uma tartaruga ainda não conhecida. Descreveu-a e batizou-a com o nome de Podocnemis elegans.

Foi professor dos departamentos de Ciências Ambientais e de Planejamento, chefe de departamento e coordenador do curso de Engenharia Cartográfica, que ajudou a consolidar. Trabalhou na Unesp durante 41 anos, oito dos quais como voluntário depois da aposentadoria compulsória. Teve cinco filhos e oito netos.

Unesp Assessoria de Comunicação e Imprensa