Os pesquisadores envelheceram os pigmentos artificialmente e verificaram que o escurecimento da camada superior estava relacionado com uma redução do crômio na tinta de Cr(VI) para Cr(III).
Os raios síncrotron, de dimensões microscópicas, revelaram o que ocorre na finíssima camada entre a tinta e o verniz. A luz solar é capaz de penetrar apenas alguns micrômetros na tinta, mas o suficiente para disparar uma reação que transforma o amarelo em pigmentos marrons, alterando a composição original da peça.
“O estudo terá continuidade e queremos entender quais são as condições que favorecem a redução do crômio e se há algo que possamos fazer para reverter os pigmentos para seu estado original em telas em que esse processo está em curso”, disse Koen Janssens, da Universidade de Antuérpia, na Bélgica, que dirigiu o estudo.
A decisão de Van Gogh de usar cores brilhantes e novas para a época é considerada um dos grandes momentos na história da arte. O artista holandês escolheu cores que destacassem emoção, em vez de usá-las realisticamente, como era a norma na época.
Sem as inovações na fabricação de pigmentos ocorrida no século 19, essa escolha não teria sido possível. Foi a intensidade dos novos pigmentos, como o amarelo de crômio, que permitiram que Van Gogh atingisse a maestria de obras como a série de girassóis.
O holandês começou a usar as cores mais brilhantes após se mudar para a França, onde conheceu outros artistas, como Paul Gauguin, que compartilharam com ele as ideias inovadoras.
O artigo Degradation Process of Lead Chromate in Paintings by Vincent van Gogh Studied by Means of Synchrotron X-ray Spectromicroscopy and Related Methods, de Koen Janssens e outros, pode ser lido por assinantes da Analytical Chemistry em http://pubs.acs.org/journal/ancham.
Agência FAPESP