O objetivo do trabalho de Mendes, fruto do mestrado "Efeito do treinamento aeróbico sobre a morbidade psicossocial e sintomas em pacientes com asma: um estudo clínico aleatorizado", era descobrir que benefícios as atividades físicas poderiam proporcionar aos pacientes asmáticos.
“Somos o oitavo país com o maior número de ocorrências de asma no mundo. As causas dessa inflamação nos pulmões estão associadas a fatores genéticos e ambientais”, disse Mendes à Agência FAPESP.
“Os resultados do estudo mostram que os pacientes que realizaram atividade física tiveram uma redução de 66% nos sintomas de asma quando o exercício foi praticado de forma moderada e isso mostra que o exercício físico pode ser um aliado no controle da doença”, indicou.
De acordo com o orientador do trabalho, Celso Fernandes de Carvalho, professor de Fisioterapia Respiratória do Curso de Fisioterapia da FMUSP, o paciente asmático mais ansioso e deprimido abandona o uso da medicação prescrita pelo médico mais facilmente. “Ele é o que mais custa para o Sistema Único de Saúde”, disse.
O estudo integrou o Projeto Temático "Mecanismos de inflamação pulmonar na asma: estudos clínicos e experimentais", coordenado por Milton de Arruda Martins da FMUSP.
O trabalho de Mendes analisou 101 pessoas com idade média de 35 anos. “Setenta por cento eram mulheres, mas isso é uma característica da doença. Quando o indivíduo é jovem, a asma é predominante em meninos, em adultos ocorre o inverso”, explicou Carvalho.
Do total, Mendes e colegas dividiram os participantes em dois grupos: um que não fazia exercício físico e outro que praticava exercícios aeróbicos duas vezes por semana, como a caminhada.
Após três meses de treinamento físico de intensidade moderada a intensa e medicação controlada, o grupo observou uma melhora significativa não só nos sintomas da asma, como na qualidade de vida pacientes.
De acordo com Carvalho, os pacientes que apresentavam sintomas a cada dois dias, totalizando 15 dias com sintomas por mês, passaram a ter entre um e dois dias de sintomas da doença por semana, somando seis no mês.
Menos inflamação
Outra boa notícia foi a melhora no convívio social. Com a asma controlada e a capacidade de realização das atividades diárias, os cientistas observaram que a prática de exercícios reduziu significativamente o quadro de depressão e ansiedade nos pacientes.
“Devido ao fato de os pacientes não saberem quando ocorrerá a próxima crise, os pacientes asmáticos são mais ansiosos e depressivos do que a população sem asma”, afirmou Mendes.
Segundo ele, o próximo passo é tentar descobrir o mecanismo de ação da atividade aeróbica na redução da inflamação pulmonar. Esse é um dos temas que vem trabalhando na sua tese.
O artigo Effects of Aerobic Training on Psychosocial Morbidity and Symptoms in Patients With Asthma (doi:10.1378/chest.09-2389), de Felipe A. R. Mendes e outros, pode ser lido por assinantes da Chest em www.chestpubs.org.
Agência FAPESP