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Os Estados Unidos devem iniciar em 2011 a montagem de uma das maiores redes de observatórios ecológicos do mundo. Trata-se da National Ecological Observatory Network (Neon), que tem como objetivo reunir dados de experimentos e de observações ecológicas e climáticas feitas em todo o país. Será a primeira rede do tipo projetada especialmente para identificar e prever mudanças ecológicas em uma escala de décadas. Com custo estimado de US$ 433 milhões, financiados pela National Science Foundation (NSF), a rede terá participação de diversas outras agências e instituições e está em fase final de planejamento. “O presidente Barack Obama solicitou a inclusão da Neon no orçamento do país para 2011 e a NSF já autorizou a concessão da verba para o projeto.
Só estamos esperando ela ser aprovada no Congresso para iniciar a construção, que deve levar cinco anos”, disse Michael Keller, ex-cientista-chefe da rede, à Agência FAPESP.

Keller, que participou da fase de desenho do projeto e teve que se desligar dele há cerca de um mês para assumir um novo posto no Serviço Florestal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, esteve no International Workshop on Long-Term Studies on Biodiversity, promovido pelo programa Biota-FAPESP no dia 23 de novembro.

“A ideia do projeto é reunir informações que costumam estar muito dispersas e ter extensão espacial limitada, disponibilizando-as o mais rapidamente possível e da melhor forma aos pesquisadores para que eles possam testar seus modelos”, disse o cientista que foi pesquisador visitante na Universidade de São Paulo e integrou o Programa da Grande Esfera-Atmosfera da Amazônia (LBA).

As informações integradas pelo sistema de monitoramento serão disponibilizadas em um site na internet no qual poderão ser acessadas gratuitamente por cientistas de qualquer país.

“Os dados de longo prazo e em escala continental, coletados e fornecidos pela Neon, possibilitarão compreender melhor e fazer previsões em grande escala dos impactos das mudanças climáticas, do uso do solo e da ação de espécies invasivas na biodiversidade”, apontou.

Keller explicou que, para realizar a coleta de dados que abastecerão a Neon, o território dos Estados Unidos foi dividido por meio de uma técnica multigeográfica em 20 partes, batizadas de “domínios ecoclimáticos”.

Nesses locais, que representam diferentes tipos de vegetação, geografia, clima e ecossistemas, serão coletadas informações referentes a mais de 500 variáveis definidas pelos cientistas da rede, entre as quais temperatura, pluviometria e diversidade de organismos.

“Em função das restrições orçamentárias do projeto, teremos que medir um grande número de variáveis em poucos lugares. A rede Neon não é um programa de monitoramento tradicional que tem diversas instâncias espaciais”, disse.

Dados abertos

A coleta de dados representará o maior trabalho a ser feito pela rede de observatórios ecológicos. Reunidos, eles formarão um conjunto de 130 mil amostras, entre organismos individuais, partes deles ou tecidos.

As informações serão coletadas por meio de 20 estações de observação fixas e 40 realocáveis, distribuídas pelos 20 domínios ecoclimáticos do país.

Compostas por torres com instrumentos de observação como sensores remotos, as estações fixas permitirão realizar observações sobre os impactos das mudanças climáticas nos ecossistemas. Já as realocáveis, que mudarão de posição em períodos de cinco a dez anos, serão focadas na observação de alterações promovidas na biodiversidade pelo uso da terra e por espécies invasivas.

Para complementar as observações realizadas pelas 60 estações de observação terrestres também serão utilizadas três plataformas de observação aérea. Os dispositivos medirão propriedades bioquímicas e biofísicas e o tipo de cobertura de vegetação, entre outras características, por meio de instrumentos como espectrômetro de massa.

“Instalaremos três conjuntos desses instrumentos em aeronaves, que realizarão medições nas estações de observação da Neon e em seu redor, em um raio de até 200 ou 300 quilômetros”, disse Keller.

Os dados coletados pelas estações de observação serão analisados em campo ou em um dos dez laboratórios móveis que também integrarão a infraestrutura da Neon. E, de acordo com Keller, deverão ser disponibilizados rapidamente no site do projeto.

“Todos os dados serão abertos e fornecidos gratuitamente a cientistas de qualquer região do mundo. Queremos que as informações geradas pela Neon sejam utilizadas e analisadas pelo maior número de pesquisadores para que as previsões ecológicas possam ser as mais exatas possíveis”, afirmou.

Mais informações: www.neoninc.org

Agência FAPESP