A pesquisa, feita por Mark Brandon, da Universidade Yale, e colegas dos Estados Unidos e Chile, foi feita na Patagônia. Os cientistas concluíram que as geleiras na parte mais ao sul dos Andes atuaram como uma espécie de escudo protetor durante os últimos 25 milhões de anos da história da região.
A evidência encontrada é a primeira a contradizer a ideia geral de que as geleiras inibem o crescimento das montanhas. Até agora, os cientistas estimavam que as geleiras sempre fizessem a erosão de montanhas, desacelerando o crescimento delas uma vez que o pico atingisse a linha da neve.
Acima dessa elevação, onde as geleiras permanecem sempre congeladas, estimava-se que as massas de gelo escavassem as faces da montanha à medida que deslizassem pela sua superfície.
Nas elevações relativamente baixas no sul dos Andes, Stuart Thomson e grupo esperavam que esse efeito de erosão tivesse tido um grande impacto nas montanhas, mas verificaram o contrário.
Os pesquisadores mediram as idades de amostras de rocha de uma vasta faixa nos Andes da Patagônia e descobriram que em latitudes mais ao sul – onde as montanhas são menores e, portanto, o efeito da dilapidação promovida pelas massas de gelo deveria ser maior – as rochas eram mais antigas do que se esperava. A conclusão é que a erosão estava atuando em um ritmo muito mais lento do que se achava anteriormente.
Em vez de desbastar os picos, o estudo concluiu que as geleiras ajudaram no crescimento das montanhas. “As geleiras atuam como uma armadura para proteger da erosão as montanhas que se elevam, permitindo que atinjam alturas mais elevadas do que seria de se esperar”, disse Brandon.
Apesar das menores elevações encontradas nos Andes da Patagônia, as geleiras permanecem frias o suficiente para que suas bases continuem congeladas e presas à superfície da montanha. Quando geleiras mais externas derretem e deslizam pela montanha, as geleiras mais frias atuam como um escudo protetor.
O artigo Glaciation as a destructive and constructive control on mountain building (doi: 10.1038/nature09365), de Stuart N. Thomson e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.
Agência FAPESP