O objetivo do trabalho de pesquisa é isolar, caracterizar e determinar as estruturas dos polissacarídeos sulfatados de invertebrados marinhos, especialmente o ouriço-do-mar, pepino-do-mar e ascídias.
“Tentamos demonstrar como esses polissacarídeos regulam o processo de fertilização do ouriço-do-mar. Isso é importante para a atividade biológica desses equinodermos. Vimos que se trata de um mecanismo de controle. Quando ocorre a fertilização, o espermatozoide do ouriço só fertiliza o óvulo da própria espécie”, disse Mourão à Agência FAPESP .
O fato de fertilizar tal óvulo tem uma importância biológica muito grande, segundo o pesquisador do Laboratório de Tecido Conjuntivo da UFRJ, por estar relacionado com a diferenciação biológica da própria espécie.
“O entendimento dos mecanismos genéticos que regulam essa diferenciação permitirá, no futuro, entender a partir de uma base genética como ocorre a formação dessas espécies de ouriço-do-mar”, disse.
Segundo Mourão, a longo prazo o objetivo da pesquisa é compreender geneticamente como se dá a biossíntese desse processo envolvendo os polissacarídeos. “Com isso, conseguiremos entender um dos mecanismos que regulam a separação das espécies de ouriços-do-mar”, estimou.
O cientista destacou que a pesquisa se concentra no estudo da estrutura, da função e das atividades biológicas de diferentes tipos de polissacarídeos sulfatados com o objetivo final de desenvolver novos fármacos, principalmente contra trombose.
O laboratório da UFRJ já descobriu, por exemplo, substâncias análogas à heparina – polissacarídeo usado no tratamento de trombose e que é produzida comercialmente a partir de intestinos e pulmões de bovinos e suínos – em espécies de ascídias.
Segundo Mourão, há uma urgência na produção de novas drogas antitrombóticas e antitumorais. “No caso da heparina, ela é uma fonte de produção limitada e empregada por via intravascular ou subcutânea. Estamos tentando criar um polissacarídeo que possa ser ministrado por via oral”, indicou.
Agência FAPESP