O estudo da FMRP, elaborado em parceria com pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), abordou a chamada Doença Residual Mínima (DRM) – estágio em que a presença de células de tumor é pequena e os pacientes já não apresentam sintomas de leucemia.
De acordo com as pesquisas, a avaliação da DRM pode ser usada no tratamento, mas o protocolo brasileiro ainda não utiliza esta informação para definir quais crianças e jovens correm riscos à saúde.
O que é leucemia linfoide aguda
A pesquisa trabalhou com a leucemia linfoide aguda, um tipo de câncer que se manifesta na medula óssea, local onde o sangue é produzido. Este tipo específico afeta as células do sangue responsáveis pelos anticorpos, proteínas defensoras das infecções, e é o mais frequente em crianças.
E o tratamento do câncer em crianças é tão específico que merece uma especialidade médica – a Oncologia Pediátrica – reconhecida pela Associação Médica Brasileira. “O câncer da criança e do adolescente é diferente do que aparece no adulto. Nas crianças ocorrem, geralmente, câncer de células embrionárias. Eles envolvem mais fatores genéticos do que em adultos, em que questões ambientais têm uma importância maior”, explica Tone. “Estas diferenças fazem com que, basicamente, o tratamento seja diferente. Toda criança e adolescente deve ser tratado por pediatra em qualquer circunstância”, aponta.
Nesse contexto, o laboratório tem como linha de pesquisa a análise de alterações moleculares e no material genético das células nos principais tipos de câncer que ocorrem em crianças e adolescentes. “No momento temos trabalhado principalmente com leucemia linfoide aguda, tumores do sistema nervoso central e de suprarrenal. Nestas neoplasias, estamos procurando genes cuja expressão esteja alterada”, diz Tone.
Com a identificação dos genes, é possível compreender a origem e o desenvolvimento do câncer, melhorar a classificação das doenças e buscar novas formas de tratamento pela genética.
A especialização do Laboratório é avaliar amostras de sangue, medula óssea e tumores de pacientes com câncer, principalmente crianças. As análises podem ser utilizadas na clínica, mas são realizadas principalmente para os estudos. “A pesquisa genética e de biologia molecular em oncologia tem sido extremamente importante nas últimas décadas, produzindo aprimoramento do conhecimento do câncer em todos os aspectos, da sua biologia ao seu tratamento”, explica o professor.
Produção científica
O grupo é composto por seis médicos, quatro com doutorado, um com mestrado e um com especialização; dois são docentes da USP (um titular e outro associado), e quatro são ligados ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
De acordo com Tone, participam também dos estudos uma bióloga com doutorado, duas técnicas de laboratório, e mais uma pesquisadora com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). No momento, o programa de pós-graduação conta com dez doutorandos e cinco mestrandos – sete deles com foco em genética e oito, em saúde da criança e do adolescente.
Com esse corpo de profissionais, a produção do grupo é expressiva: foram 34 os artigos científicos publicados em revistas da área nos últimos dois anos. Além disso, segundo Tone, o grupo é responsável por um livro completo, mais um capítulo de uma obra e 214 trabalhos publicados em anais de eventos.
Simone Harnik, especial para o USP Online