De fato, há uma ligação: a diminuição da dor causada pela artrite está associada a um cortisol chamado glicocorticoide. “É uma substância endógena, ou seja, que o próprio corpo produz, cuja quantidade aumenta para diminuir as inflamações.”
Dose certa
Segundo a pesquisadora, uma das dificuldades do trabalho foi conseguir descobrir a dosagem certa de veneno de abelha para ser utilizada no tratamento. “No começo, não houve resultados, mas depois de muitas tentativas chegamos à dosagem de 1,5 micrograma de veneno de abelha por quilo de peso. Essa dosagem deveria ser aplicada uma vez ao dia para, assim, apresentar ação anti-inflamatória durante o período de análise.”
Para realizar o tratamento, Izabella utilizou o caminho inverso. Após descobrir a dosagem correta, aplicou o veneno na região subcutânea do animal para mais tarde induzir a artrite. Dessa forma era possível observar passo a passo a ação do glicocorticoide. Izabella conta que a aplicação do veneno provocava uma primeira inflamação nos coelhos, estimulando a produção e liberação do cortisol para que o processo anti-inflamatório começasse a acontecer. Logo em seguida, a artrite era induzida clinicamente nos coelhos, sendo assim a segunda inflamação a acontecer.
A surpresa da pesquisadora foi constatar que os altos níveis de glicocorticoide na corrente sanguínea dos coelhos conseguiu atenuar a inflamação provocada pela artrite. “A inflamação causada pelo veneno de abelha aumentou o nível do glicocorticoide endógeno e fez com que a artrite, exercendo o papel de segunda inflamação, perdesse força quando em sua atuação. Isso mostra que o veneno de abelha pode servir como tratamento preventivo contra a doença.”
Bloqueando a ação do glicocorticoide, Izabella notou que os coelhos não apresentaram melhora em seus quadros, o que comprovou a importância do cortisol na pesquisa.
Mais informações: email Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Agência USP