Submit to FacebookSubmit to Google PlusSubmit to TwitterSubmit to LinkedIn
fapesp-17ago10Um grupo de astrônomos descobriu um objeto em uma região da órbita de Netuno considerada uma “zona morta gravitacional”, na qual até hoje nenhum corpo astronômico havia sido observado. A descoberta foi publicada no Science Express, edição on-line da revista Science. O objeto, denominado 2008 LC18, é um asteroide troiano, um tipo de asteroide que divide a órbita de um planeta, posicionando-se à frente ou atrás desse planeta em uma localização estável. O nome deriva da Guerra de Troia, que teria ocorrido entre gregos e troianos por volta de 1.300 a.C.
Como os asteroides troianos compartilham a órbita de seus planetas, eles são sensíveis à formação e migração desses outros. Por conta disso, a descoberta poderá ajudar a compreender melhor questões fundamentais sobre a formação e os movimentos dos planetas.

Júpiter é o planeta do Sistema Solar com o maior número de asteroides troianos conhecidos: mais de 4 mil. Há quatro troianos conhecidos em Marte e outros seis em Netuno, mas nenhum na região em que agora foi encontrado o sétimo. Até então, não se descobriu esses tipos de asteroides nos demais planetas do Sistema Solar, apesar de os cientistas estimarem tal existência.

Scott Sheppard, da Instituição Carnegie, e Chad Trujillo, do Observatório Gemini, utilizaram uma nova técnica observacional, que aproveita a formação de grandes nuvens escuras de poeira no espaço para poder bloquear a luz de fundo no plano galáctico.

Essa “janela observacional” foi empregada com o auxílio do telescópio japonês Subaru, com espelho de 8,2 metros de diâmetro, instalado no Havaí. A órbita do 2008 LC18 foi determinada com os telescópios Magalhães, de espelhos com 6,5 metros, instalados no Chile.

“Estimamos que o novo troiano em Netuno tenha um diâmetro de cerca de 100 quilômetros e que há cerca de 150 outros asteroides do tipo na região em que observamos o 2008 LC18”, disse Sheppard.

Isso implicaria que há mais asteroides troianos em Netuno do que o número desses objetos no principal cinturão entre Marte e Júpiter. “Há menos troianos conhecidos em Netuno simplesmente porque eles são mais difíceis de serem descobertos, uma vez que estão tão longe da Terra”, disse.

O artigo Detection of a Trailing (L5) Neptune Trojan, de Scott Sheppard e Chad Trujillo, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org/cgi/content/abstract/science.1189666.

Agência FAPESP