“Chegamos a um ponto hoje em que a introdução de novas tecnologias aumenta o custo dos motores e o ganho na redução das emissões de CO2 é pequeno”, disse Flavio Gomes Dias, coordenador de produto da Peugeot Citroën do Brasil Automóveis (PCBA).
“Acreditamos que por meio dos biocombustíveis e motores mutuamente adaptados conseguiremos ter o ganho extra na redução das emissões de CO2 pelos automóveis que buscamos”, afirmou.
A avaliação foi feita por Dias durante um evento realizado no dia 19 de dezembro, na FAPESP com o objetivo de apresentar a chamada pública de propostas lançada pela instituição em conjunto com a empresa para seleção de um projeto que visa à criação de um Centro de Pesquisa em Engenharia.
Baseado no modelo dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) da FAPESP, o Centro de Pesquisa em Engenharia será sediado em uma ou mais instituições de pesquisa no Estado de São Paulo e terá apoio da Fundação e da Peugeot Citroën por até dez anos para desenvolver motores de combustão interna, adaptados ou desenvolvidos especificamente para biocombustíveis.
Alguns dos temas de pesquisa de interesse do Centro são novas configurações de motores movidos a diferentes biocombustíveis, incluindo veículos híbridos (que possuem mais de um motor – elétrico e a gasolina, por exemplo), redução de emissões de gases e aspectos econômicos, ambientais e sociais relacionados aos biocombustíveis.
O aporte financeiro previsto para o período de apoio é de, no mínimo, R$ 1,6 milhão por ano, divididos em partes iguais entre as duas instituições parceiras.
O prazo para apresentação das propostas termina no dia 29 de março. A divulgação das propostas selecionadas está prevista para o dia 31 de julho.
“Estamos com alta expectativa de receber propostas muito boas e competitivas mundialmente nos temas definidos na chamada, e muito satisfeitos com a oportunidade de associar a FAPESP à Peugeot Citroën em uma iniciativa tão ousada para desenvolver pesquisa no Estado de São Paulo”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.
De acordo com Brito Cruz, o acordo de cooperação entre a instituição e a empresa trouxe para a FAPESP a oportunidade de estimular pesquisa colaborativa entre empresa e universidade em um nível superior ao que a Fundação tem feito.
Até agora, a FAPESP apoiou projetos de pesquisa colaborativa entre empresas e universidades por meio de acordos de cooperação com menor duração.
Por meio do acordo com a Peugeot Citröen, a FAPESP apoiará uma colaboração de mais longo prazo, de tal modo que a equipes de pesquisadores das universidades e instituições de pesquisa participantes e das empresas poderão interagir mais intensivamente.
“Essa melhor e mais efetiva interação entre a equipe acadêmica e de pesquisadores da empresa permitirá que o plano de pesquisa do Centro seja evolutivo e mude ao longo do tempo, com o surgimento de possibilidades de pesquisa não previstas inicialmente”, disse Brito Cruz.
Em função disso, uma sugestão da FAPESP é que as propostas que serão submetidas à chamada contenham projetos mais detalhados para os anos iniciais.
É também importante que as propostas apontem direções que convençam a FAPESP e a Peugeot Citröen de que as equipes de pesquisadores participantes do projeto tenham qualidade e identificarão desafios científicos e tecnológicos relevantes em matéria de motores à combustão movidos a biocombustíveis ao longo dos dez anos de duração da pesquisa.
“Queremos que o Centro de Pesquisa em Engenharia esteja nos patamares internacionais na área de mobilidade de veículos. Para isso, ele precisarã ter um núcleo de pesquisa convincente e competitivo internacionalmente”, ressaltou Brito Cruz.
Cooperação internacional
Para ter um núcleo de pesquisa competitivo internacionalmente, o Centro poderá ser sediado em mais de uma instituição de pesquisa ou universidade no Estado de São Paulo, de modo a reunir mais pesquisadores e fortalecer a equipe participante do projeto.
Outra iniciativa que pode contribuir para isso, mencionada na chamada, é que as propostas contemplem um plano de atividades de cooperação científica internacional que envolvam, desde o início, pesquisadores de excelência de qualquer lugar do mundo que possam contribuir para o andamento das pesquisas que serão realizadas no Centro de Pesquisa em Engenharia.
“O projeto de pesquisa que será realizado no âmbito do Centro é complexo, multidisciplinar e tem que estar na fronteira do conhecimento. Por isso, tem que ter um núcleo de pesquisa competitivo internacionalmente”, disse Hernan Chaimovich, assessor especial da Diretoria Científica da FAPESP.
Na avaliação de Chaimovich, o Brasil tem a responsabilidade de criar agora um centro de pesquisa de classe mundial em motores a biocombustíveis por todo seu histórico de desenvolvimento de motores a etanol.
“Se não iniciarmos agora um projeto de pesquisa estratégico e de longo prazo em motores de combustão movidos a biocombustíveis, poderemos perder em menos de cinco anos a competitividade que conquistamos ao longo de décadas de experiência com motores a etanol”, avaliou.
Agência FAPESP